As mulheres mostraram que podem liderar essa resistência. É hora dos movimentos sociais aceitarem que elas sejam as protagonistas e se juntarem nas ruas em grande ato para lutar contra bandeiras da extrema direita.
Por Renato Rovai, compartilhado de Fórum
na foto: Protesto contra o PL 1904/24, que equipara aborto a homicídio, reúne mulheres na Cinelândia. Créditos: Fernando Frazão/Agência Brasil
Na noite desta quinta-feira (13), liderados pelas mulheres, manifestantes ocuparam a Cinelândia, no Rio de Janeiro, e a Avenida Paulista, na altura do Masp. Não foram manifestações multitudinárias, mas bastante relevantes e aguerridas. Juntou-se a elas, um imenso buzz nas redes pedindo a retirada do PL do Estupro da pauta do Congresso.
Lira estava conseguindo ter vantagem nesse jogo de chantagem. A mídia já apontava Lula encurralado e sem força para reagir.
Alguns mais açodados já viam Lula 3 no ritmo de Dilma 2. Até a possibilidade de mais um impeachment já começava a ser debatida por deputados bolsonaristas.
Mas quando a sede é muita, a água pode sufocar. E Lira ontem engasgou feio e teve que meter uma marcha ré que não estava nos seus planos.
O presidente da Câmara já fala em tirar o caráter de urgência do PL e em colocar (pasmem!) para relatá-lo a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), que é evangélica.
O recuo pode ser desmobilizador. Mas o fato é que duas pautas bombas anti-Lira já quicaram e tem potencial de levar parte da população para as ruas pedindo sua saída da presidência do Congresso: a da privatização das praias e a do PL do estupro.
As mulheres mostraram que podem liderar essa resistência. Neste sentido, é hora dos movimentos sociais aceitarem que elas sejam as protagonistas e se juntarem nas ruas para uma grande manifestação que deveria ser chamada se possível para no máximo o próximo domingo (23/6) nas principais cidades do país.
Uma grande manifestação que mostrasse força do campo democrático e progressista para lutar contra bandeiras da extrema direita no Brasil e ao mesmo tempo dar fôlego para Lula poder esgrimar contra Lira até o final do seu mandato na mesa diretora da Câmara, sem ter que ficar sendo humilhado por um coronel sem votos, acusado de agredir sua ex-mulher, mas que detém poder entre os deputados por conta do balcão de negócios que se tornou a presidência da casa legislativa.
O momento é este. O governo precisa aproveitá-lo politicamente para dar um passo adiante. Mas não é o governo que tem que colocar povo na rua e pedir o Fora Lira. Somos nós. Aqueles que defendemos um país laico, democrático e socialmente mais justo.
Os movimentos sociais tão com boas pautas nas mãos. Agora é ir à luta. E gritar Fora Lira.