Publicado em SpressoSP –
Sem autorização, policiais militares atiraram contra manifestantes no último ato contra o aumento da tarifa. “Quem mandou atirar? Quantas vezes eu vou ter que falar? ‘No’ que você atirou?”, perguntou o comandante da operação aos seus comandados, que disparavam contra civis
Durante a repressão ao ato contra o aumento da tarifa, em São Paulo, na última sexta-feira (23), o comandante se aproxima de seus subordinados que disparam contra os manifestantes e pergunta: “Quem mandou atirar? Quantas vezes eu vou ter que falar? ‘No’ que você atirou?”
O ato foi dispersado pela PM quando chegava ao seu final. O vídeo, feito pela TV Estadão, mostra policiais próximos ao Largo do Paissandú atirando contra manifestantes. Não houve registro de qualquer incidente que justificasse uma intervenção policial, o que explica a irritação do comandante da operação, não identificado pela reportagem do Estado de S. Paulo. Dezenas de manifestantes ficaram feridos.
Uma das preocupações do comandante da operação parece ser o alvo dos tiros disparados por seus subordinados. A apreensão com tiros a esmo da PM já havia sido demonstrada, inclusive, pelo padre Julio Lancelotti, reconhecido ativista pelos direitos humanos, em entrevista ao SPressoSP. “Na penúltima manifestação [no dia 16 de janeiro], eles atiraram de dentro da escola Marina Cintra [rua da Consolação] para fora, sem saber o que acertariam, isso foi na minha frente”.
No dia 7 de setembro de 2013, o capitão Bruno, do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal, foi perguntado por um manifestante sobre o motivo dos ataques do agente a ativistas. “Porque eu quis”, respondeu.
A lógica do “porque eu quis”, da PM, não está restrita às manifestações pelo país; é comum nas periferias. Um exemplo é o caso do menino Douglas Rodrigues, de 12 anos, que também não entendeu o motivo de ter levado um tiro de um policial militar, em outubro de 2013. Antes de morrer, a criança perguntou ao agente: “Por que o senhor atirou em mim?”. Talvez, porque ele quis.
Confira o vídeo: