A primeira vista, o título “Bikes vs Carros” pode provocar a sensação de que estamos vivendo em uma guerra onde bicicletas e automóveis disputam centímetro por centímetro o espaço nas ruas. Mas – por sorte – nem de longe essa é a principal mensagem que o documentarista sueco Fredrik Gertten quis passar com o longa gravado em diferentes contextos ao redor do mundo, inclusive São Paulo.
O filme, que estreia em junho em diversas cidades brasileiras, acrescenta um novo tempero para o caldo de discussões sobre mobilidade urbana: o poder que a indústria automobilística exerce sobre a economia das cidades e sua influência direta e reta na dinâmica político-social.
Para mim, foi um prazer participar desse projeto e, mais do que contar minha história, ajudar a construir o fio condutor que coloca São Paulo como protagonista pela atuação importantíssima da coletividade e do poder da sociedade civil organizada no processo (que ainda estamos vivendo) de transformação da maior e mais complexa cidade da América Latina.
Num momento em que o paulistano está sendo convidado a experimentar uma nova relação com o espaço público, esse filme vem para inspirar ainda mais essa experiência e colocar em evidência que também somos responsáveis pelo sucesso ou colapso das nossas cidades.
Ainda estamos longe de ver o final feliz dessa história que, na verdade, acabou de começar. Por isso lutamos diariamente para que a rua não seja vista como um campo de batalha. Quando apenas um dos lados tem o poder de matar o adversário, não é guerra: é chacina.
Nos cinemas
O lançamento do filme Bikes vs Carros, trazido pela Maria Farinha Filmes, acontece no dia 25 de junho em Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, Brasília, Belo Horizonte, Salvador, João Pessoa e Santos. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, a exibição nos cinemas começou em 18 de junho.
As pessoas que quiserem fazer suas próprias exibições independentes precisam se cadastrar na plataforma VIDEOCAMP e solicitar uma cópia do filme. Nesses casos, é importante que o evento seja livre, aberto e gratuito, para que a discussão ganhe escala e seja acessível a todos.
Entrevista com o diretor
Saiba mais sobre o filme nessa videorreportagem de Rachel Schein, que o diretor Fredrik Gertten fala sobre o filme, explicando a motivação para produzir o documentário e o que a cidade de São Paulo representa dentro desse contexto.
Minha atuação no Vá de Bike e nos movimentos em prol do uso da bicicleta como meio de transporte chamou a atenção do diretor que entrou em contato comigo no final de 2012 e acompanhou minha rotina e ativismo durante quase dois anos. Coincidentemente ou não ele registrou os fatos mais marcantes que pautaram o período-chave que culminou na construção da política cicloviária mais ousada dos últimos tempos, um marco histórico que talvez nem nós mesmos saibamos mensurar a dimensão e importância do que vem acontecendo.