Policiais Militares prendem Jornalista Livre e cerceiam informações

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Por , em Jornalistas Livres – 

Diante de um estado de exceção uma das primeiras medidas a serem tomadas é o cerceamento das informações. Cerceiam as informações pois são através delas que os abusos e absurdos cometidos, dentro de um estado de exceção democrática,  são divulgados para todos. Cerceiam as informações pois são elas as ferramentas de denúncia dos explorados. Estamos diante de um estado de exceção e como tal, enfrentamos, cada dia mais intensamente, o cerceamento das informações.




Para compor a teia da censura duas ferramentas são fundamentais; o monopólio dos meios massivos de comunicação, que manipulam as informações colocando oprimidos ao lado de opressores e a repressão civil através do aparato militar. A repressão é feita a toda e qualquer pessoa que tenta fugir da narrativa hegemônica imposta pelo estado.

Em Minas Gerais assistimos a execução dessa coerção, que acontece em plena luz do dia, no meio do povo, sem qualquer pudor. Nos dois últimos atos dos estudantes mineiros, que vêm dando uma aula de luta e resistência, a polícia militar agiu violentamente contra os manifestantes. Apesar da truculência da polícia sobre militantes em Minas Gerais não ser nenhuma novidade, um caso em específico chamou atenção. Na última quinta-feira (24) um midiativista, Caio Santos do Jornalistas Livres, cobria o ato dos secundaristas de BH enquanto foi preso.

A prisão do jornalista aconteceu após ele exigir a devolução de seu equipamento de filmagem, que havia sido retirado à força pela polícia. “Eu fui agredido e preso por os incomodar. Eu gravei um PM dando uma cassetada numa menina com quase metade de sua altura, para evitar que virasse notícia, aprenderam minhas câmeras. Quando usei minha voz para que quem passava filmasse o que ocorria, me calaram com spray de pimenta. Apreenderam meus equipamentos que acabavam de registrar o segundo ataque brutal a universitários e secundaristas em menos de uma semana. Agredindo meus direitos, retiraram  do meu bolso meu celular e do meu pescoço minha câmera” relata.

Percebendo a ação da PM uma estudante que também acompanhava o ato filmou a ação dos militares com o jornalista, ela também foi presa assim que eles perceberam o registro. “Sem nada para gravar a cena, gritei para que a população a gravasse por mim. Nesse momento, recebi um guicho de spray de pimenta na cara. Caí no chão, tomado pela dor ardente nos olhos. Cego, ainda podia ouvir os gritos de desespero da menina. Eu e ela ficamos presos no camburão para depois sermos levados a delegacia de flagrantes, onde fui encarcerado até ser liberado por um advogado da Comissão de DH da OAB.” completa o jornalista.

No registro do processo de Caio consta que ele foi preso por desobediência civil e desacato a autoridade. Em entrevista ao jornal OTempo, o capitão da corporação afirmou que ele foi preso por filmar de forma agressiva.  O midiativista abriu uma ação no Ministério Público contra os policiais. Também o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais irá fazer denúncia formal à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, ao Ministério Público de Direitos Humanos e à Ouvidoria de Polícias. O Fórum Nacional de Democratização da Comunicação-FNDC também se manifestou contra a tentativa de cerceamento da liberdade de imprensa, condenando a ação da PM e reportando o caso para a plataforma de denúncias à violações de liberdade de expressão Calar Jamais.

Além da afronta direta e escancarada aos comunicadores, a prisão do jornalista também alerta para os tempos que estão por vir. São tempos de exceção e tempos de exceção nos exige, mais do que nunca que fiquemos atentos ao menor sinal de alerta. Devemos fortalecer nossa rede de informações e nos solidarizarmos às pautas daqueles que lutam pela democracia de nosso país. “Apesar das seguidas e ininterruptas repressões e coações dos aparatos militares, nós, jornalistas e comunicadores, não devemos e não iremos nos furtar à nossa obrigação de reportar os fatos, custe o que custar. O nosso dever e a nossa obrigação primeira é com a sociedade.” afirma Caio Santos.

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