Por Carlos Roberto Hahn, poeta e compositor gaúcho
Eu procurei me manter afastado do caso da escravidão em Bento Gonçalves. Não, não era “situação análoga à escravidão”, era simplesmente escravidão. Alguns amigos e parentes tentaram defender as empresas e os empresários, dizendo para não generalizar. Aliás, o verbo generalizar vem de general? No entanto, depois de cada nota ou manifestação das empresas ou de seus representantes, ou das entidades de classe, cada vez fica mais claro que eles somente pediram desculpas porque foram descobertos.
O discurso do vereador, Fantinel, do Patriotas (só podia) é caso de polícia. Além disso, é preciso investigar a participação do poder público e das polícias no caso.
Os pedidos de socorro dos escravos foram simplesmente desconsiderados. Aliás, quem tem expertise para usar de gás de pimenta, choques e cassetetes?Além disso, há vários relatos de pessoas que sabiam desses descalabros há anos.
É preciso investigar outras empresas, até mesmo para separar o joio do trigo. Por que as empresas que não usam trabalho escravo não se rebelam contra as que usam? Isso se chama concorrência desleal.
Obs. A charge do Amarildo não cita que a música “Cálice” é também de Gilberto Gil, além de Chico Buarque
