Por Rogerio Maestri, publicado no Jornal GGN –
O problema principal que poucos se dão conta é o porquê da direita golpista ainda não ter achado o seu candidato, simplesmente porque nenhuma pessoa com o mínimo de credibilidade aceitou a pauta liberal do golpe.
A venda da Petrobras, ou de seus pedaços, ainda é credível para a grande maioria da minoria que são os que apoiam o golpe. A modificação da legislação trabalhista, passa pela garganta de elementos conservadores e liberais da burguesia brasileira. Até a prisão de Lula e uma posterior perseguição ao PT satisfaria não só elementos mais focados no golpe, mas também alguns flutuando sobre ele, como Marina Silva ou Joaquim Barbosa é possível aceitar.
Porém a segunda parte da política dos golpistas que deve passar pelo fim do ensino público, pela redução da previdência a praticamente nada, pelo fim de instituições centenárias como o Correio, a eliminação da assistência médica pública, voltando-se a época em que existiam somente as Santas Casas de Misericórdia, ou seja, o ataque central a qualquer base do Estado como fonte de segurança social ao povo brasileiro, é demais para qualquer um destes atores.
Alguns podem perguntar porque foi levantado por algum tempo a candidatura de Luciano Huck. É fácil entender, este personagem nem estava aí para qualquer coisa, seria um verdadeiro boneco nas mãos dos verdadeiros golpistas. Porém mesmo este personagem talvez ao ver o verdadeiro horror que seria esta segunda etapa do golpe, arrepiou.
Uma Marina Silva que poderia ter seu ódio e desprezo ao PT manobrado para implementar o golpismo de segundo nível, teria a sua sustentação política durando não mais do que seis meses no governo e se transformando além de uma traidora de seu eleitorado, uma inimiga do mesmo, pois uma legião de pastores que lhe dariam apoio para uma eleição se transformariam numa turba enfurecida contra ela, retirando não só o apoio a Marina mas como também a bancada da Bíblia.
Restariam como solução ainda elementos de direita, como Joaquim Barbosa, porém este não é nada burro muito menos ignorante, logo ao ver a pauta a ser sustentada ele não a aceitaria.
Alguém poderia citar o nome de Ciro Gomes, entretanto este pertence a outro lado da direita, ou seja uma direita com apoio de industriais brasileiros que não aceitariam a dissolução da economia brasileira e venda forçada ao exterior, logo Ciro Gomes deveria entrar numa lógica de retorno ao capital nacional, que é completamente oposta à desnacionalização dos golpistas.
Se olharmos com cuidado restam somente os políticos do PSDB, que se sujeitariam ao trabalho sujo de levar o povo a miséria, porém nem Alckmin, nem Dória conseguiram levantar voo devido ao vínculo claro e notório deste partido aos esquemas de corrupção REAL e não HIPOTÉTICO como o do presidente Lula. Qualquer brasileiro bem ou mesmo mal informado sabe o que são Aécio, Serra e seus operadores, e rapidamente associam ao PSDB como um todo como uma das maiores gangues da história.
A última solução dos golpistas, que não foi utilizada até agora pois envolve riscos muito maiores do que elementos mais nacionalistas e fora do esquema golpista, é a utilização de um golpe militar. Por que um golpe militar é extremamente perigoso para os golpistas. Simplesmente porque no Brasil qualquer golpe militar teria um desenvolvimento sucessório como a ditadura de 1964 e não como uma ditadura personalizada como a Chilena ou de outros países da América Latina.
Explico melhor, não há no Brasil um general ou alguém de outra arma, que represente o conjunto e que governe o país por prazo ilimitado como Pinochet no Chile, ou seja, as forças armadas brasileiras sempre agiram como um órgão colegiado, em que várias fracções lutam internamente entre si, e a que tem mais força NO MOMENTO é que assume o governo. Já falei há mais de três anos, o esquema militar dos golpistas é extremamente frágil, isto não quer dizer que na maioria das forças armadas haja um forte apelo contra a esquerda, porém se unir contra um inimigo real, é totalmente diferente do que tomado o poder se tenha uma só posição geral de como levar adiante este poder. O fracionamento nas forças armadas não está em quem é o inimigo a ser combatido, mas sim se o inimigo for vencido o que fazer com o poder.
Talvez o maior problema da direita golpista seja algo extremamente simples, eles não têm a mínima condição de estabelecer a sua política de governo sem que esta seja totalmente instável e inviável.
Em resumo, dar o golpe, percorrer a primeira parte, colocar alguém para cumprir a pauta completa é simples, manter o governo após isto é IMPOSSÍVEL.