Por que, dois anos após o governo Bolsonaro, a extrema direita cresce tanto em São Paulo?, por Fernando Castilho

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O avanço do bolsonarismo em São Paulo, na gestão de Lula, pode ser atribuído a uma falha na comunicação com os desiludidos e desinformados

Por Fernando Castilho, compartilhado de GGN




Nas eleições de 2024 para prefeito de São Paulo, tivemos um empate técnico entre Ricardo Nunes (MDB) com 29,48%, Guilherme Boulos (PSOL) com 29,07%, e Pablo Marçal (PRTB) com 28,14%. Nunes, prefeito de centro-direita apoiado por Bolsonaro e Tarcísio, enfrenta investigações por corrupção. Boulos representa a esquerda, apoiado pelo PT, enquanto Marçal é de extrema direita, condenado por golpes e falsificação de documentos. A soma dos votos de Nunes e Marçal, 57,62%, indica um avanço significativo da extrema direita.

Esse crescimento, no entanto, não necessariamente reflete uma adesão ideológica dos eleitores a ideais de extrema direita, mas sim uma combinação de fatores, como o antipetismo, o conservadorismo, a desinformação ou a desesperança. A votação expressiva de Marçal, que propõe soluções irreais como teleféricos para o transporte, demonstra a insatisfação de uma parte dos eleitores com o chamado sistema.

Analisando 2016, João Doria (PSDB) venceu com 53,29% no primeiro turno, refletindo uma clara inclinação à direita, com Fernando Haddad (PT) em segundo com 16,7%. Em 2020, Bruno Covas (PSDB) liderou com 32,85%, e Boulos (Psol) chegou em segundo com 20,24%. Nesse ano, a extrema direita, embora presente, ainda não tinha a força que demonstrou em 2024.

Observe que a extrema direita nos pleitos paulistanos não cresceu durante o governo Bolsonaro, mas sim, dois anos após o fim de seu governo, em pleno mandato de Lula.

Portanto, o avanço do bolsonarismo em São Paulo, em plena gestão de Lula, pode ser atribuído a uma falha na comunicação com os desiludidos e desinformados, apesar dos avanços econômicos do governo.

No segundo turno, Boulos enfrentará uma extrema direita unida e feroz, sendo vital a presença de Lula e uma comunicação mais eficaz com a população.

Fernando Castilho é arquiteto, professor e escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, a Sangria Estancada.

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