As 4 metralhadoras .50 e as outras 4 Mags de calibre 7.62 foram encontradas em carro roubado na Gardênia Azul, bairro da zona oeste do Rio famoso pela presença de milícias
POR RAPHAEL SANZ, COMPARTILHADO DA REVISTA FÓRUM
A Polícia Civil do Rio de Janeiro recuperou no fim da tarde da última quinta-feira (19) 8 das 21 metralhadoras roubadas do Arsenal de Guerra de São Paulo, localizado em Barueri na região metropolitana da capital paulista. As 4 metralhadoras .50 e as outras 4 Mags de calibre 7.62 foram encontradas na Gardênia Azul, bairro da zona oeste do Rio famoso pela presença de milícias.
Em imagens divulgadas pelo g1 é possível ver o momento que os agentes da Polícia Civil retiram os armamentos do porta-malas de um carro que estava estacionado na comunidade. O veículo estava vazio e era roubado. Ninguém foi preso na operação.
As armas teriam sido devolvidas a mando do Comando Vermelho, segundo informações divulgadas pelo jornalista Rodolfo Schneider, da Band, nesta sexta-feira (20).
Segundo fonte ouvida por Schneider, “ao que tudo indica, é que o tráfico colocou em um carro, avisou e entregou (as armas), no sentido de ‘toma de volta, não vem me sufocar, não queremos problemas com vocês’”.
Apenas 4 metralhadoras .50 e as outras 4 Mags de calibre 7.62 foram encontradas no carro pela polícia, que teria descartado a hipótese de que o Comando Vermelho teria comprado as armas diretamente com os militares. As suspeitas é que o armamento foi entregue a intermediários.
Em todo caso, há uma razão para a devolução dos armamentos e ela não é exatamente a exposta pelo jornalista. Segundo uma fonte do portal Metrópoles, de dentro da Inteligência da Polícia Civil do Rio, os narcotraficantes rejeitaram as metralhadoras porque vieram sem uma importante peça, uma fita metálica que serve colocar a munição na arma.
De acordo com a investigação, as metralhadoras foram negociadas em um grupo de WhatsApp que tinha, entre seus membros, algumas lideranças do Comando Vermelho. Foi nesse grupo que os intermediários postaram fotos dos armamentos, os mesmos roubados do AGSP em setembro. Nas tratativas, os líderes do CV pediram para avaliar as armas pessoalmente.
Por essa razão as metralhadoras rodaram por quatro comunidades controladas pela facção antes de serem devolvidas: Complexo da Penha, Nova Holanda (no Complexo da Maré), Rocinha e Cidade de Deus.
Enquanto isso, os intermediários pediam R$ 350 mil pelas metralhadores de calibre .50, que podem derrubar aeronaves e R$ 180 mil pela 7,62, utilizadas em combate.
No entanto sem a peça que seria fundamental para a utilização dos armamentos, e já sabendo que o roubo tomava a imprensa e movia operações de resgate, o CV pressionou os fornecedores a devolverem as armas. De acordo com o Metrópoles, além de evitar novas operações nas comunidades que controlam, os traficantes também temiam uma eventual intervenção federal no Rio de Janeiro.