Por Antônio Oswaldo
Os espelhos são usados para ver o rosto; a arte para ver a alma (George Bernard Shaw, dramaturgo, escritor e jornalista irlandês)
Por que os grandes artistas, em sua imensa maioria, são de esquerda? Bem, a resposta parece simples. Porque os grandes artistas se comovem e se indignam com injustiças, desigualdades, ditaduras, com educação e saúde jogada às traças, com falta de saneamento básico, com miséria extrema. E com a fome! A fome, que teima em manter a Idade Média no Século XXI.
Se atentarmos para os fatos que envolvem grandes artistas brasileiros de esquerda e suas criações nos últimos meses, teremos certeza de sua grandeza: Oscar para AINDA ESTOU AQUI; Palma de Ouro de melhor ator e melhor direção para O AGENTE SECRETO; Sebastião Salgado, que acaba de partir, é aclamado pelos grandes veículos de comunicação de todo o mundo como o maior artista da fotografia em todos os tempos. Era de esquerda, claro.
Já a direita, no que diz respeito à arte, exibe o quê? Em que foro, em que festival, em que premiação um grande artista de direita foi laureado e reverenciado? Melhorando a indagação: que grande artista é de direita?
Como disse o nosso glorioso Jorge Amado, em sua biografia de Castro Alves: “não existe grande artista sem grande causa”, lembrando que o “Poeta dos Escravos” era republicano e abolicionista e colocou sua primorosa poesia a serviço de ambas as causas.
Mas Castro Alves poderia ser chamado de esquerda em seu tempo? Sim, uma vez que o termo “esquerda” já estava-se popularizando naquele distante Século XIX de Castro Alves. O termo surgiu a partir da Revolução Francesa de 1789, quando os reformistas sentavam-se à esquerda da Assembleia Nacional e os conservadores sentavam-se à direita.
Aliás, “grande artista de esquerda” já é pleonasmo. Basta dizer “grande artista”.
Enfim, se alguém de esquerda ainda tem dúvida quanto a estar do lado bom da História, pense nos grandes artistas, em sua imensa maioria de esquerda.
Foto: Wagner Moura, ator e cineasta. Divulgação: MST