Por que perguntas de Cunha não interessam aos jornais?

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Por Fernando Brito em O Tijolaço – 

É impressionante  como, por conveniente seletividade, a grande imprensa simplesmente ignora tudo o que pode ser a mais explosiva revelação dos escândalos políticos em que o Brasil mergulho: as conexões entre Eduardo Cunha, o agente do impeachment, e Michel Temer, seu beneficiário, mesmo depois de o primeiro ter fornecido, publicamente, os temas e o roteiro – o que, no jornalismo, chamamos pauta – para que tudo seja investigado.

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Perguntas que brotam das perguntas que Eduardo Cunha dirige a Temer para que – se o juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Criminal Federal de Brasília não fizer como Sérgio Moro, vetando aquilo que  possa ser (palavras dele) ameaça ao atual presidente.




Brotam, mas ninguém se aventura a fazê-las.

A primeira é a indicação de Moreira Franco para a Caixa, quando o PMDB da Câmara passou a integrar o Governo Lula. Se foi pedido de Michel Temer não é coisa que só ele possa responder. Dirigentes da Caixa, do Ministério da Fazenda e e da própria Caixa, à época, podem ser ouvidos para saber se corria a informação de que era pedido de Michel Temer. Ao que parece, ninguém os procurou sobre isso.

Depois, a misteriosa Érica, que teria recebido, junto com Moreira Franco, oferecimento de vantagem indevida decorrentes de liberação de recursos do FGTS. Há uma Érica, Érica Ferraz, ex-namorada de Michel Temer e mãe de um de seus filhos – nascido em Londres, para onde ela foi já grávida. Como ela é uma das coordenadoras de uma conta da Secretaria de Comunicação da Presidência da Repúbloca, paga por uma empresa contratada, não será difícil , lá mesmo no Palácio do Planalto, achá-la e perguntar-lhe se sabe algo a respeito.

E as reuniões com André de Souza, do conselho curador do Fundo, aconteceram? De novo, não é só Michel Temer que pode relatar, há o próprio André, mas até agora, 72 horas após a divulgação das perguntas de Eduardo Cunha, não teve uma matéria sequer para dizer que se recusou a comentar.

Menos ainda Fábio Cleto, que foi para a Caixa a partir de uma indicação  de um lobista, Lúcio Funaro, que se pensava exclusivamente ligado a Cunha e agora sabe-se igualmente logado a Geddel Vieira Lima, homem de confiança de Temer.

O rol das perguntas de Cunha é pauta para uma redação inteira. Não é uma apuração fácil para blogueiros, a quem as fontes atuais do Governo não vão dar bola e que n]ao têm condições de se deslocar a Brasília e abordar diretamente as pessoas. Mas para os grandes jornais, é e poderia estar sendo feita há três dias.O fato de Cunha se tratar de um bandido não torna menos relevantes as informações que tenha a dar ou que permita descobrir. Afinal, a Lava jato não foi construída sobre o que disseram ladrões?

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