“As pessoas que estão ali estão de cara limpa”, dizia no domingo um certo deputado federal. “Não estão encapuzadas”, argumentava ele na CNN. “Porque acham que a eleição foi roubada”.
Por Alceu Castilho, compartilhado de Construir Resistência
Aí leio que a Procuradoria-Geral da República acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para que investigue três deputados federais, acusados de incentivar o terror em Brasília.
Vejo os nomes.
1) André Fernandes (PL-CE)
2) Clarissa Tércio (PP-PE)
3) Sílvia Waiãpi (PL-AP)
Olho de novo os nomes e procuro o deputado mencionado no primeiro parágrafo. Nada. Olho de novo. Penso: não é possível. Esqueceram-se dele? Como assim?
Mas de fato ele não está na lista.
Vejam, não tenho nada a favor de Fernandes nem de Clarissa, muito bem que eles estejam ali e que sejam investigados, cassados, presos. Que sirvam como exemplo.
E também não tenho nada a favor de Sílvia. Salvo o fato de que sua etnia, Waiãpi, é mais uma que sofre com as ameaças de madeireiros e garimpeiros na Amazônia.
(Sim, ela é uma deputada bolsonarista, uma oportunista, uma traidora. Mas não deixa de ser significativo que uma indígena esteja entre os três únicos denunciados pelo terror.)
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O nome do deputado esquecido é o do paranaense Ricardo Barros (PP). Ele foi prefeito de Maringá, foi ministro da Saúde durante o governo golpista de Michel Temer.
E, principalmente, foi líder do governo Bolsonaro.
Ele é suspeito de se beneficiar em esquema de desvio de dinheiro de vacina durante a pandemia. E foi líder do governo Bolsonaro.
Ele foi acusado por empreiteiros de receber propinas milionárias. E foi líder do governo Bolsonaro.
Considera as leis do trabalho “extremamente condescendentes com o trabalhador”. E foi líder do governo Bolsonaro.
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Por que Ricardo José Magalhães Barros não vai ser investigado pelo STF por apoiar o terror?
Alceu Castilho é jornalista e diretor do site De Olho nos Ruralistas