Porta aberta, Vicente Celestino?

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Por Nilson da Cruz Bulhões, Revista Música Brasileira – 

    Instalado em Conservatória, Distrito de Valença – RJ, em imóvel alugado pela Prefeitura daquele Município desde sua fundação em 13 de março de 1999, o Museu Vicente Celestino e Gilda de Abreu abriga cerca de 6.000 LPs, centenas de CDs, fitas cassete, rolos de filmes, 30.000 partituras, milhares de fotografias, caricaturas, autógrafos, artigos de revistas e jornais, roupas usadas pelos artistas, vídeos, livros, contratos de trabalho, instrumentos musicais, rádios, vitrolas e mais uma quantidade inimaginável de peças de alto valor no panorama da cultura brasileira.

    Além do material referente aos artistas que dão nome ao Museu, ali também se encontram acervos de muitos outros cantores emblemáticos da Era do Rádio, como Ademilde Fonseca, Gilberto Alves, Sílvio Caldas, Jorge Goulart e Nora Ney (o que se pôde recuperar da devastação feita pela ditadura militar aos pertences deste casal), Guilherme de Brito, Linda Batista… a lista vai além. Uma quantidade expressiva de peças doadas pelos próprios artistas referenciados, ou por suas famílias, para resguardo da memória de suas atividades.




    Ao longo dos 17 anos de funcionamento da casa, a curadoria do Museu é responsabilidade do ex-empresário musical Wolney Porto, que organizou as exposições iniciais a partir de acervos particulares dele mesmo e de José Spinto, viúvo de Gilda de Abreu, atriz, cantora e cineasta que havia sido esposa de Vicente Celestino de 1933 até a morte deste, em 1968.

Mas o Museu acaba de fechar as portas.

Coercitivamente, por suspensão do necessário apoio oficial, nessa nossa época de quebra geral dos tesouros públicos, todas as peças já estão empacotadas e encaixotadas, aguardando a chegada do Oficial de Justiça com a Ordem de Despejo.

Wolney declara com tristeza: “Não tenho outro lugar onde possa reabrir o Museu!” e resume sua frustração com uma pergunta: “Como vou abrigar e expor à visitação pública toda essa riqueza de material?”.

A minha frustração também é grande, diante da negligência do poder público em relação aos valores artísticos da nossa terra. Ecoam em mim as palavras do Wolney Porto sobre o que, para muitos, representa todo aquele acervo: “Não tem valor! Se eu morrer, jogam tudo fora!”. Mas, esperançoso como todos os batalhadores, deixou comigo telefones de contato, que aqui publico. Quem sabe, entre nossos leitores, alguém tenha a solução para que na Cidade da Seresta voltem a vibrar melodiosos sons dos raros vinis guardados no Museu Vicente Celestino e Gilda de Abreu?
Museu – (24)2438-1134; Wolney Porto – (24)99216-3380.

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