Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, no Facebook –
Hoje (10/12) é o dia mais importante do ano de 2019 para a América do Sul. A posse de Alberto Fernandez na Argentina representa uma chance inigualável em tempos recentes para mostrar que é possível uma vida melhor sem a falácia do neoliberalismo.
Será difícil. Fernandez recebe uma Argentina destroçada socialmente por Macri, com pobreza recorde e fome, um dado relativamente novo para nossos vizinhos. A indústria argentina agoniza, a dívida com o FMI estrangula os indicadores sociais etc.
Não há como reerguer o país no curto prazo. E o peronismo moderado do novo presidente será cobrado de acordo com o rombo no estômago das crianças.
Não se espere de Fernandez medidas “revolucionárias” como calote na dívida. Não existem condições políticas e econômicas para isso. Quem aposta em governo de nítido corte de esquerda vai quebrar a cara.
Fernandez é um peronista de centro, longe do neoliberalismo mas também distante do marxismo. É um democrata que, por exemplo, afastará a Argentina das posições de direita ou extrema-direita nas relações com outros países.
É ainda uma dúvida o papel que caberá à vice-presidente, Cristina Kirchner, representante do peronismo mais à esquerda.
Cristina é, sem dúvida, dona da grande maioria dos votos que levaram Fernandez à Casa Rosada. Como se disse na eleição que destroçou Macri, “não se ganha com Cristina, mas é impossível vencer sem ela”.
A favor do novo presidente argentino aposta-se numa trégua dos sindicatos historicamente dirigidos por peronistas. Mas a fome, essa desgraça turbinada por Macri, não costuma ser paciente.
O neoliberalismo deixa um legado trágico e o peronismo tem, mais do que a chance, a responsabilidade de mostrar que o modelo imposto pelo mercado só agudiza a miséria e que é possível
que os pobres vivam melhor longe dele.
Boa sorte, Argentina!
Histórico
Alberto Fernandez fez um extraordinário discurso de posse na Argentina. Enfatizou o drama da fome entre seus compatriotas, reafirmou o compromisso com as garantias individuais e deixou claro que vai para o enfrentamento com o Judiciário corrupto e comprometido com perseguições.
Mandou o recado claro que a Argentina torna-se um pais mais democrático. Deu até vergonha, como brasileiro, comparar ao que ruminou nosso boçal na sua posse.
Alberto Fernandez foi denso, pouco protocolar e afirmativo no compromisso contra a miséria legada por Macri.
A Argentina tem um estadista esclarecido agora, Parabéns, argentinos.