Por Washington Luiz de Araújo, jornalista –
A escalada da violência no Rio de Janeiro, cidade violentada por autoridades conservadoras, retrógradas e irresponsáveis, por uma mídia que embala e vende isso como um produto de marketing, me deixou mais estarrecido ainda com a morte de duas pessoas e ferimento em outra na Praça São Salvador, Rio, em tiroteio na noite de 07 de março.
Sou um grande admirador e divulgador da nossa praça. Mudei para lá em junho de 2003 e só saí, com um grande peso no coração, em dezembro de 2017.
A São Salvador me acolheu quando cheguei no Rio. Com seu ar de logradouro do interior, com seus bares pés sujos de almas lavadas, fui recepcionado como se ali fosse a sala de estar da cidade.
Muitos amigos e parentes conheceram a Praça pelas minhas mãos. Jamais vou deixar de alardear o quanto tem de gente boa e quanto frequentam aquele pedaço.
A São Salvador tem tudo de bom: os bares já mencionados, a música, samba, chorinho e mais o que vier no coreto. Tem também os encontros do À Esquerda da Praça, que a identificou mais ainda como um ambiente progressista, contra o fascismo que vem tentando se instalar no país.
Estou triste, muito triste com o acontecido. A Praça sempre libertária tomou tiros, mas sobreviverá. Não deixaremos que a repressão cega venha para cima da nossa liberdade de ir e vir.
Como disse, fiquei morando na Praça quase 15 anos e não vi nada bárbaro como o acontecido ontem, presenciado por caros amigos que, igualmente, vivenciaram só momentos maravilhosos ali.
Que investiguem e punam os responsáveis pela violência, mas sem violentarem nossos ideais de sermos livres. Repressão gera violência. A Praça São Salvador tem que continuar sendo o exemplo de um reduto libertário.
Sansalva, estamos juntos!
Fotos: Américo Vermelho