Sem música a vida não teria sentido
Nietzsche
Por Pedro Amorim, professor, compositor, bandolinista e violonista
A música é som. Óbvio.
Mas temos aí implicações que não são tão evidentes, embora determinantes: como estamos nos relacionando com esses sons? Percebo que grande parte do público é apenas receptor passivo do que chega através dos meios de comunicação (que há muito tempo não são democráticos, mas isso é outra discussão) e esta audição passiva costuma ser feita num volume tão alto que já há evidências de crescimento de problemas auditivos relacionados a este hábito de ouvir sons altíssimos, há gerações.
Os espaços pra se ouvir música sem amplificação são poucos. Considero que são cada vez mais importantes. O som natural dos instrumentos musicais, incluindo a voz, pode ter sutilezas e riquezas que são apagadas pela amplificação. A audição pode e deve ser treinada para perceber essas características, e o prazer alcançado por esta prática é ampliado quanto mais se exercita a percepção.
A luz muito forte cega.
O som muito alto ensurdece.
Os sentidos são embrutecidos pela agressão.
A sensibilidade cai junto.
Bora fazer música acústica.
Pra ser ouvida com atenção e prazer.