Precisamos falar do som natural da música

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Sem música a vida não teria sentido

Nietzsche

Por Pedro Amorim, professor, compositor, bandolinista e violonista

A música é som. Óbvio.




Mas temos aí implicações que não são tão evidentes, embora determinantes: como estamos nos relacionando com esses sons? Percebo que grande parte do público é apenas receptor passivo do que chega através dos meios de comunicação (que há muito tempo não são democráticos, mas isso é outra discussão) e esta audição passiva costuma ser feita num volume tão alto que já há evidências de crescimento de problemas auditivos relacionados a este hábito de ouvir sons altíssimos, há gerações.

Os espaços pra se ouvir música sem amplificação são poucos. Considero que são cada vez mais importantes. O som natural dos instrumentos musicais, incluindo a voz, pode ter sutilezas e riquezas que são apagadas pela amplificação. A audição pode e deve ser treinada para perceber essas características, e o prazer alcançado por esta prática é ampliado quanto mais se exercita a percepção.

A luz muito forte cega.

O som muito alto ensurdece.

Os sentidos são embrutecidos pela agressão.

A sensibilidade cai junto.

Bora fazer música acústica.

Pra ser ouvida com atenção e prazer.

Pedro Amorim solando “Gotas de Ouro”, de Ernesto Nazareth. No Chorinho do Bolão, na Casa de Artes Paquetá, com Jayme Vignoli (cavaquinho), Kiko Horta (acordeon), Luiz Flavio Alcofra (violão), Marcílio Lopes (bandolim) e Marcus Thadeu (pandeiro). Participações especialíssimas: Eduardo Neves (Flauta) e Luis Barcelos (Bandolim).

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