Por Washington Luiz de Araújo, jornalista –
Quem já ouviu falar em premiar a mediocridade agora pode constatar a premiação à má fé e ao descaso público. Tudo em nome da ganância. Recentemente, Geraldo Alckmin recebeu um prêmio da Câmara dos Deputados pela gestão hídrica em São Paulo. Todos sabem que o governador tucano privilegiou o abastecimento financeiro dos acionistas da Sabesp e deixou o Estado em completa seca. Outra premiada é a Samarco, empresa da Vale do Rio Doce, responsável pela maior tragédia ambiental brasileira, o rompimento da barragem na cidade mineira de Mariana.
Desde 2004, os tucanos já vinham sendo alertados de que se não houvesse investimentos em novos reformatórios a seca seria digna dos estios nordestinos. Alckmin preferiu culpar São Pedro, e alguns dos nobres deputados acreditaram. Deu no que deu: virou piada.
Pena que uma piada à custa da população, principalmente daqueles que moram na periferia, pois o racionamento em São Paulo também é seletivo, para ficarmos com uma palavra da moda, sendo aplicado ,sobretudo, nas áreas mais pobres.
Lembremos que a Samarco, empresa responsável pela maior tragédia ambiental brasileira, o rompimento da barragem no subdistrito de Bento Rodrigues, no município de Mariana (MG), foi premiada por cinco vezes, sendo consecutivamente nos últimos três anos, pela Revista Exame. A premiação mais recente ocorreu no início de julho de 2015.
Os “reconhecimentos” poderiam se justificar pela competência em fazer dinheiro, caso tudo não fosse Rio Doce abaixo, com 62 milhões de metros cúbicos de lama tóxica. (veja aqui o tamanho da desgraça num link do Jornal GGN).
A Vale, dona da Samarco juntamente com a mineradora BHP Billiton, distribuiu, somente no ano passado, R$ 10 bilhões para os seus acionistas. Aliás, quem pesquisar no Google verá uma lista enorme de reportagens destacando esses dividendos. Dinheiro para acionista é a pauta principal quando se fala em Vale. Dá impressão de que querem jogar na nossa cara o tempo todo: “Tá vendo como a privatização deu certo?” Deu certo, sim, mas para os acionistas, e deu errado, e põe errado nisso, para os trabalhadores e moradores de Mariana e de todas as cidades ribeirinhas do Rio Doce até chegar ao mar.
Nas reportagens sobre a premiação da Samarco pela Revista Exame só se fala em conquistas financeiras. Em nenhum momento o aspecto da segurança da barragem foi considerado um “quesito”.
A premiação em nada compensará o número de mortos e o prejuízo ambiental. Estão, realmente, pouco preocupados, os responsáveis por esses prêmios. A Revista Exame, pelo jeito, jamais pisou no barro de Mariana para verificar se a obra da barragem de Bento Rodrigues estava tão segura ao ponto de sua empresa ganhar “medalha”. Tampouco os deputados federais que outorgaram a Alckmin o prêmio por gestão hídrica colocaram seus sapatos engraxados com esmero na lama do reservatório da Cantareira. Se fossem, também, dariam o prêmio da mesma forma. A lama que eles propiciam é de outro tipo.