Presidente Dilma vira o jogo na Petrobrás

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Por Breno Altman em seu Blog – 

Quem apostou que a presidente “bateria novamente a mão no tatame, entregando mais uma trincheira estratégica do Estado para operadores do capital, agora morde a língua”, analisa Breno Altman, do Opera Mundi e colunista do 247, sobre a escolha de Aldemir Bendine, do Banco do Brasil, para a presidência da Petrobras; “O atual chefe do BB representa linha de resistência diante da escalada de forças privatistas para tomar de assalto a estatal do petróleo”, diz jornalista; “A nomeação de Bendine constitui resposta ousada. Apesar de não ser quadro do PT ou da esquerda, com carreira inteiramente construída no Banco do Brasil, é aliado inquestionável do processo de mudanças iniciado em 2003”; em nota, estatal confirmou a indicação por Bendine

O atual chefe do BB representa linha de resistência diante da escalada de forças privatistas para tomar de assalto a estatal do petróleo.

O mercado estava assanhado, afinal, para fincar cabeça-de-ponte na principal companhia brasileira.




A pressão corporativa e de mídia assumiu, nos últimos dias, dimensões de chantagem contra a presidente Dilma Rousseff.

Se não encontrasse uma solução à la Joaquim Levy para a empresa, iria arder no mármore do inferno.

Muitos apostaram que Dilma bateria novamente a mão no tatame, entregando mais uma trincheira estratégica do Estado para operadores do capital, no afã de relaxar o crescente cerco sobre o governo.

Quem assim o previu, agora morde a língua. Incluindo o modesto signatário desse blog.

A nomeação de Bendine constitui resposta ousada. Apesar de não ser quadro do PT ou da esquerda, com carreira inteiramente construída no Banco do Brasil, é aliado inquestionável do processo de mudanças iniciado em 2003.

Escolhido para dirigir a instituição financeira a partir de 2009, foi peça chave na política de enfrentamento da crise econômica, liderando estratégia agressiva para reduzir juros e expandir crédito, um dos pilares das medidas anticíclicas destinadas a impedir o encolhimento da produção e consumo internos.

Sob sua batuta, o Banco do Brasil ajudou a ampliar a participação dos bancos públicos, forçando grupos privados a reduzirem momentaneamente seus spreads (diferença de juros pagos aos investidores e cobrados dos credores), raridade em nossa história monetária.

Bendine foi uma das vedetes de 2012, marcado pela aposta em reduzir os juros pagos pelo Estado aos fundos financeiros – a taxa básica, descontada a inflação, que havia sido de 4,5% no ano anterior, caiu para 1,41%.

Este avanço foi parcialmente anulado a partir de 2013, quando o governo se julgou sem forças para continuar a batalha deflagrada contra o rentismo e o Banco Central voltou a elevar fortemente a taxa Selic.

O Banco do Brasil perde, então, parte de seu protagonismo, mas tal resultado não pode ser atribuído à gestão do futuro presidente da Petrobras.

Apesar do recuo, Bendine continuou a ser hostilizado pelos setores da imprensa que se conectam à banca privada e haviam desempenhado função de vanguarda na disputa contra a orientação vigente em 2012.

Ainda que não sejam conhecidas publicamente suas posições sobre regime de partilha e política de conteúdo nacional, por exemplo, seria difícil imaginar que venha a ser capturado por interesses de grupos privatistas.

Além do mais, conhece bastante bem a empresa que irá assumir e apresenta inegável expertise no tratamento de imbróglios financeiros, como é o caso.

Sindicatos dos bancários reclamam de sua mão de ferro em embates e negociações salariais, mas é obrigatório reconhecer que os laços de lealdade e identidade de Bendine se entrelaçam com o campo progressista.

Não é à toa que as ações da Petrobras despencaram após a divulgação de seu nome como presidente da empresa.

O mercado precificou o tamanho de sua frustração diante da decisão firme e inesperada da presidente Dilma Rousseff.

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