“Nise revolucionou a psiquiatria”, afirma a autora do projeto vetado, ao chamar Bolsonaro de “inimigo da sociedade”
Compartilhado de Redação RBA
Psiquiatra adotou a arte como forma de tratamento e criou, em 1952, o Museu de Imagens do Inconsciente
São Paulo – A médica psiquiátrica Nise da Silva, referência mundial no tratamento manicomial, teve sua inclusão vetada pelo presidente da República no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. A decisão saiu na edição desta quarta-feira (25) do Diário Oficial da União. Na Mensagem 251, dirigida à presidência do Senado, Jair Bolsonaro alega “contrariedade ao interesse público”.
O Projeto de Lei (PL) 9.262/17, da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), foi aprovado em abril. O veto partiu de manifestação da Casa Civil, com base na Lei 11.597, de 2007. Segundo a mensagem presidencial, “não é possível avaliar, nos moldes da referida Lei, a envergadura dos feitos da médica Nise Magalhães da Silveira e o impacto destes no desenvolvimento da Nação, a despeito de sua contribuição para a área da terapia ocupacional”.
Desrespeito à ciência
Além disso, o presidente diz que uma homenagem não pode ser “inspirada por ideais dissonantes das projeções do Estado Democrático”. Uma possível “explicação” para o veto está no fato de Nise ter sido filiada ao Partido Comunista.
Vários protestos já circularam em redes sociais. “É um desrespeito absurdo à ciência brasileira!”, reagiu, por exemplo, a Associação Nacional de Pós Graduandos (ANPG). “Ela foi responsável pelo fim do confinamento, lobotomia e eletrochoque em pacientes, humanizando os tratamentos.” “Bolsonaro nunca, sequer, deve ter lido algo sobre o trabalho e a carreira da médica Nise da Silveira”, comentou a deputada Luiza Erundina (Psol-SP). A autora do projeto chamou o presidente de “inimigo da sociedade”. “Nise da Silveira revolucionou a psiquiatria’, afirmou Jandira, que também é médica.
Formada em Medicina pela Universidade Federal da Bahia, Nise nasceu em 1905, em Maceió, e morreu em 1999, no Rio de Janeiro. Em sua atividade, desenvolveu o uso da arte e de animais de estimação como parte de tratamentos. Há 70 anos, ela criou o Museu de Imagens do Inconsciente.