Após os principais veículos de imprensa do Brasil e políticos de direita desdenharem da iniciativa da primeira-dama Rosângela da Silva de pedir ajuda ao presidente chinês, Xi Jinping, para o combate ao bullying digital, a primeira-dama da França, Brigitte Macron, manifestou apoio à campanha liderada por Janja.
Por Augusto de Sousa, compartilhado de DCM
Em declaração pública nesta terça-feira (20), a esposa de Emmanuel Macron mencionou um episódio citado pela mulher de Lula sobre uma menina brasileira de 8 anos que morreu após inalar desodorante spray em um desafio de rede social.
“Querida Janja, há alguns dias você me ligou e contou uma história comovente daquela menina de 8 anos que faleceu após inalar desodorante spray, durante um desafio lançado em uma rede social. Infelizmente, essa tragédia não é um caso isolado, estamos enfrentando um flagelo mundial e todos precisamos agir ativamente para proteger nossas crianças e adolescentes no mundo digital”, declarou a esposa de Emmanuel Macron.
Brigitte citou políticas da França para o combate à violência digital, como o canal “3018”, que recebe denúncias de crimes cibernéticos, e a transformação da violência escolar em crime penal. A fala da primeira-dama francesa deu novo impulso à mobilização iniciada por Janja no Brasil, que vem defendendo a regulamentação das redes sociais.
A primeira-dama da França, Brigitte Macron, adere à campanha de Janja contra o bullying infantil digital e reduz a mídia corporativa brasileira à fossa do machismo e da misoginia. A voz da brasileira ganha o mundo para pânico de quem defendeu – GloboNews e cia – que se calasse. pic.twitter.com/rsqbFxVTqw
— Tiago Barbosa (@tiagobarbosa_) May 20, 2025
Na segunda-feira (19), Janja comentou o assunto durante evento em Brasília, na abertura da Semana Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes. “Não há protocolo que me faça calar se eu tiver uma oportunidade de falar sobre isso com qualquer pessoa que seja, do maior grau ao menor grau, do mais alto nível à qualquer cidadão comum”, afirmou.
No argumento dos comentaristas políticos e parlamentares de direita, a primeira-dama teria extrapolado o protocolo e o decoro ao supostamente forçar uma interação com o presidente da China.
“Eu quero dizer que a minha voz, vocês podem ter certeza, que vai ser usada para isso. E foi para isso que ele foi usada na semana passada quando eu me dirigi ao presidente Xi Jinping após a fala do meu marido sobre uma rede social”, disse Janja.
A fala, feita durante jantar oficial com a presença de ministros brasileiros e do presidente chinês, foi vazada à imprensa e provocou desconforto no governo. Lula reagiu com firmeza. “Alguém teve a pachorra de ligar para alguém e contar uma conversa que aconteceu em um jantar que era algo muito pessoal e confidencial”, declarou o presidente.
Ainda durante o voo de volta ao Brasil, Lula classificou o vazamento como “deslealdade” e repreendeu os ministros que participaram do jantar. “É inadmissível que pessoas escolhidas a dedo por mim para ir ao jantar quebrem a minha confiança atacando a minha mulher”, afirmou.
Embora não tenha citado nomes, estiveram presentes Rui Costa, Carlos Fávaro, Alexandre Padilha, Simone Tebet, Mauro Vieira e Alexandre Silveira.