Por Fabíola Salani, compartilhado da Revista Fórum –
Mônica Calazans, 54 anos, foi vacinada com Coronavac logo após aprovação da Anvisa; aplicação teve a presença de Doria; indígena também foi imunizada
Tão logo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial da CoronaVac neste domingo (17), foi aplicada a primeira dose do imunizante contra a Covid-19. Quem a recebeu foi Mônica Calazans, 54 anos, enfermeira do Hospital Emílio Ribas.
Obesa, hipertensa e diabética, Mônica faz parte do grupo de risco da Covid mas, mesmo assim, atua na linha de frente no combate à doença. Ela trabalha na UTI do Emílio Ribas, que tem leitos exclusivos para pacientes com a doença do coronavírus.
Fiador da dose desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e fabricado no Brasil pelo Instituto Butantan, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), esteve presente na aplicação da vacina. Logo depois que Mônica foi imunizada, ele posou com ela para fotos, aplaudindo-a.
Depois, deu uma entrevista coletiva sobre o início da vacinação com Mônica ao seu lado.
Perfil
Moradora de Itaquera, na zona leste da capital paulista, Mônica trabalha em turnos de 12 horas, em dias alternados, na UTI do Emílio Ribas, hospital de referência para casos graves de Covid-19. O setor tem 60 leitos exclusivos para o atendimento a pacientes com coronavírus, com taxa de ocupação média de 90%. Ela é corintiana.
Viúva, ela mora com o filho, de 30 anos, e cuida da mãe, que aos 72 anos vive sozinha em outra casa.
Ela atuou como auxiliar de enfermagem durante 26 anos e decidiu fazer faculdade já numa fase mais madura, obtendo o diploma aos 47 anos. Começou a fazer faculdade durante o governo Lula.
O irmão caçula de Mônica, que é auxiliar de enfermagem e tem 44 anos, contraiu a doença e ficou internado por 20 dias.
Indígena vacinada
Além de Mônica, também foi imunizada neste domingo em São Paulo a indígena Vanuzia Costa Santos, 50 anos. Moradora da aldeia multiétnica Filhos Dessa Terra, na cidade de Guarulhos, é a primeira indígena do Brasil a se vacinar contra a Covid-19.
Técnica em enfermagem e assistente social, Vanuzia também preside o Conselho do Povo Kaimbé, originário do Nordeste. Ela decidiu estudar, lutar por direitos e um dia retornar para cuidar dos moradores da aldeia de Massacará, na cidade baiana de Euclides da Cunha, onde nasceu.
Atualmente, a aldeia de Massacará tem cerca de 200 famílias, com representantes de pelo menos 180 delas residentes em São Paulo. Vanuzia veio para o estado em 1988 para trabalhar e se aprimorar na carreira profissional.