Das notícias sobre as movimentações de pré-candidatos e partidos para as eleições de 2024, embora seja cedo para que o assunto ganhe o topo da agenda política, emergem algumas preocupações para o campo democrático e popular.
Por Bepe Damasco, compartilhado de seu Blog
Foto: Ricardo Stuckert
A primeira e mais importante é a constatação de que perdeu força a consciência de que é essencial a manutenção ou construção de frentes amplas para enfrentar a extrema-direita, que segue viva, atuante, com densidade política e recorrendo aos métodos delinquentes de sempre.
Depois, tudo indica que o PL e partidos satélites pretendem lançar nas capitais e demais grandes cidades brasileiras nomes identificados com o que há de mais antirrepublicano e antidemocrático no círculo de apoiadores do ex-presidente, ou seja, gente do chamado bolsonarismo raiz.
Claro que a variável referente às realizações do governo Lula pesará consideravelmente na equação eleitoral do ano que vem, especialmente se levarmos em conta que o rol de avanços e conquistas daqui a um ano será ainda maior do que nos dias que correm. E algumas pendências sujeitas ainda à confirmação do Congresso Nacional não existirão mais, tais como a reforma tributária e as novas regras fiscais.
Todavia, seria um grave equívoco da esquerda não manter aceso o sinal de alerta em relação à força eleitoral do fascismo nativo, pois parcela expressiva dos brasileiros se identifica com seus valores obscurantistas.
Então, na minha modesta opinião, erguer as frentes mais amplas possíveis nas tratativas para as eleições municipais continua sendo tão importante e fundamental como foi na eleição presidencial de 2022.
Não vejo o pleito de 2024 como um momento político no qual o centro da tática eleitoral da esquerda seja a afirmação e o crescimento partidário, embora o fortalecimento dos partidos se constitua por óbvio em elemento essencial para a robustez do próprio regime democrático.
Mas a leitura correta da conjuntura indica que os partidos com compromissos populares sairão mais ou menos fortes de 2024 na medida em que foram capazes de imporem derrotas à extrema-direita, prioritariamente, e, por tabela, à direita liberal.
Inúmeras experiências eleitorais anteriores mostram ser pouco consistente a tese de que as eleições municipais funcionem como uma espécie de antessala das presidenciais de dois anos depois.
Em que pese influenciem na formação de palanques, etc e tal, os fatores que levam à definição do voto nos dois pleitos são distintos.
O ponto crucial é imaginar o estrago causado nas políticas sociais e culturais, verdadeiro retrocesso civilizatório, caso Porto Alegre seja administrado por um Hamilton Mourão da vida, ou o Rio de Janeiro por Flávio Bolsonaro, ou Belo Horizonte por Nikolas Ferreira, ou São Paulo por Eduardo Bolsonaro.
É ou não é assustador?