Por Washington Luiz de Araújo, jornalista
Estou a procura de um ídolo no futebol. Ídolo que vibre com a camisa do meu clube, o Santos Futebol Clube. Que tenha orgulho de jogar com a gloriosa camisa branca que vestiu tantos jogadores maravilhosos. Preciso de um cara que se identifique com a torcida. Confesso, sou um torcedor mimado, pois tive ídolos do tamanho de Dorval, Mengalvio, Coutinho, Pelé e Pepe; de Zito, Clodoaldo e Edu; de Gilmar, Claudio, Cejas e Rodolfo Rodrigues; de Lima, Carlos Alberto Torres, Marinho, Peres; de Pita, Ailton Lira, Juary, João Paulo; de Giovani; de Serginho Chulapa, Paulinho McLaren; de Robinho e de Diego.
Foram tantos os ídolos, daqueles que mostravam ter realmente orgulho de jogar no meu Santos… Nem precisava beijar o distintivo, pois o que mostravam em campo e fora dele já bastava. E nem precisava ter toda a habilidade do mundo, feito um Pelé.
Hoje, vejo que a maioria dos jogadores que passam pelo Santos veem o clube simplesmente como trampolim, como vitrine. E o pior: nem respeitam a torcida enquanto nele estão. Ficam invocadinhos com as vaias dos torcedores, mas nada fazem para que isso não aconteça. Perdem gol por displicência e nem “tchun”. Erram as jogadas mais bisonhas e não ligam, não procuram se aprimorar. Comportam-se como se pensassem: “Se quiser é assim, se não quiser falo com meu empresário e caio fora”.
É assim que funciona. Vejo um cara como o Lucas Lima, que se projetou no Santos e hoje acha que devemos favor a ele. Está aí, se oferecendo na vitrine para todos que passam. E o pior, graças à má gestão, o clube não receberá praticamente nada com a sua saída. Ele é apenas um (mau) exemplo, mas a regra é essa. Desenha-se raras exceções, como o goleiro Vanderlei, Renato…
Portanto, procuro uma exceção, um ídolo que queira jogar pelo meu time com amor. Pode ser um ídolo só, pois sei que isso é artigo raro no futebol de hoje. Ah, não estou preocupado se sair no futuro, o mercado da bola é assim mesmo, mas se prometer voltar, que volte, não faça como muitos que saem fazendo juras de amor, vão pra China ou para a Europa e, em seguida, vão para a outro clube, sem procurar o Santos. Ouvem só o empresário e se esquecem do passado, do que prometeram.
A minha procura por um ídolo pode ser romântica, fantasiosa, fora da realidade. Mas sei que é a lacuna que está me deixando cada dia mais longe de amar o futebol como eu amava antes.