A professora lecionava Língua Portuguesa na unidade e passou mal durante uma reunião com a equipe pedagógica
Silvaneide Monteiro Andrade tinha 56 anos – Foto: Facebook/Reprodução
O preço para se chegar a “melhor educação do Brasil”, anunciada pelo governador Ratinho Júnior (PSD), fez mais uma vítima: a professora Silvaneide Monteiro Andrade, de 56 anos, morreu na última sexta-feira (30), após sofrer um infarto dentro do Colégio Estadual Cívico-Militar Jayme Canet, em Curitiba.
A docente lecionava Língua Portuguesa na unidade e passou mal durante uma reunião com a equipe pedagógica e representantes do Núcleo Regional de Educação. Ela chegou a ser socorrida, mas não resistiu.
De acordo com informações divulgadas pela APP-Sindicato (Sindicato dos Professores e Funcionários de Escola do Paraná), Silvaneide foi chamada por pedagogas e diretores para explicar por que não estava cumprindo metas de redação previstas em uma das plataformas educacionais adotadas pela SEED (Secretaria Estadual de Educação).
Professores e estudantes da rede pública do Paraná têm enfrentado um processo de “plataformização” da educação, caracterizado pela adoção massiva de aplicativos e programas para a gestão pedagógica.
São cerca de 20 plataformas usadas nas escolas, muitas obrigatórias, com a adesão monitorada de perto pelo governo. A pressão por metas e a competição entre as instituições são incentivadas por políticas como o “Desafio Paraná”.

Educadores e alunos relatam sobrecarga de tarefas, adoecimento físico e mental, falta de estrutura e dificuldades técnicas. Segundo levantamento realizado pela APP-Sindicato, 83% dos educadores afirmam que as plataformas não melhoraram o aprendizado.
“A morte da professora Silvaneide tem causado uma grande comoção em toda a categoria, que tem relacionado às circunstâncias do óbito, às pressões e às condições de trabalho que temos vivenciado”, diz a presidenta da APP-Sindicato, professora Walkiria Mazeto.
“Ela era professora de Língua Portuguesa, disciplina que tem sido exigida uma grande interação nas plataformas, com metas, o que tem trazido como consequência pressão, assédio e adoecimento”, acrescenta a liderança.
Confira pronunciamento na íntegra:
“Nosso trabalho tem valor, e a nossa vida não tem preço”
Como forma de protesto contra as condições de trabalho precárias e a metas impostas pela SEED, a APP-Sindicato convoca, entre os dias 2 e 6 de junho, a Semana de Plataforma Zero. A intenção é que nenhum dos programas e aplicativo sejam utilizados.
Para abrir a Semana de Luto e de Luta, nesta segunda-feira (2), a entidade também orienta a realização de atos em todas as escolas em memória da professora Silvaneide Monteiro Andrade.
Ainda, em assembleia estadual, prevista para próximo sábado (7), em Curitiba, os educadores irão avaliar, entre outras pautas, a deflagração de um dia de paralisação a fim de denunciar o adoecimento da categoria.