Única iniciativa brasileira e latinoamericana premiada, Seta teve sua elaboração desenvolvida por grupo de trabalho com sete organizações de sociedade civil
Por ActionAid, compartilhado de Projeto Colabora
Na foto: Projeção no lançamento do Projeto Seta: prêmio de US$ 10 milhões para investir em educação antirracista (Foto: ActionAid / Divulgação – 10/12/2021)
A Fundação W. K. Kellogg anunciou, nesta terça (11/10), o Projeto Seta – Sistema de Educação por uma Transformação Antirracista, como um dos cinco premiados do Desafio de Equidade Racial. A iniciativa, única brasileira e latino-americana entre os cinco, vai receber investimentos no valor de US$ 10 milhões de dólares (cerca de R$ 50 milhões) para ser implementada. O Seta foi elaborado por um grupo de trabalho formado por sete organizações de sociedade civil: ActionAid, Ação Educativa, Campanha Nacional pelo Direito à Educação, CONAQ – Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas , Geledés – Instituto da Mulher Negra, Makira E’ta – Rede de Mulheres Indígenas do Estado do Amazonas e UNEafro Brasil.
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As ONGs envolvidas no Seta acreditam que o subsídio será fundamental para viabilizar mudanças transformadoras e de longo prazo nos sistemas e instituições que ainda vivem sob desigualdades raciais no Brasil. “A educação é um vetor de transformação e de mobilidade social. Os dados sobre desempenho escolar da população negra, indígena e quilombola evidenciam que o estado brasileiro não oferece uma educação de qualidade para essa população. É preciso criar um ecossistema educacional que entenda e pressione o poder público sobre a importância e urgência no investimento na equidade racial na educação”, aponta Ana Paula Brandão, diretora de Políticas e Programas da ActionAid no Brasil e uma das gestoras do Projeto Seta.
O Projeto Seta foi lançado, no fim do ano passado, no Dia Internacional dos Direitos Humanos (10/12), com projeções em seis capitais (Belém, Brasília, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Porto Alegre), com mensagens, dados e reflexões da importância de combater o racismo nas escolas. O prêmio vai viabilizar a efetiva implementação da inicaitiva. “Estão previstas ações com diferentes grupos sociais, articulação e mobilização de camadas da sociedade, parcerias com universidades, institutos, fundações e fundos que trabalham com a educação”, afirma Ana Paula Brandão, destacando que fortalecer juventude, educação e movimentos negros é a chave para que seja desencadeado um processo de transformação no Brasil.
A premiação global da Fundação W. K. Kellogg – que tem crianças como foco e é uma das maiores instituições filantrópicas dos Estados Unidos – está concedendo, ao todo, US$ 80 milhões de dólares aos cinco premiados Desafio de Equidade Racial com o objetivo de construir e viabilizar ideias de enfrentamento às desigualdades raciais em todo o planeta. O prêmio foi lançado em 2020, nos 90 anos da fundação e recebeu 1.453 inscrições de 72 países.
Todas as iniciativas passaram por um processo com várias etapas de revisão, diálogo e diligências, que envolveram especialistas multidisciplinares de todo o mundo. “Educação é uma ferramenta poderosa. Como nosso fundador Will Keith Kellogg disse, ‘a melhor oportunidade de transformação de uma geração para outra é a educação’”, afirma Carla Thompson Payton, vice-presidente de estratégia programática na Fundação W.K. Kellogg. “A ActionAid e demais organizações do Seta estão utilizando a educação como ponto de partida para conscientizar as pessoas e eliminar o racismo estrutural no Brasil. Estamos orgulhosos de sermos parceiros pelos próximos oito anos”.
O Desafio de Equidade Racial 2030 foi administrado em parceria com a Lever for Change, uma organização sem fins lucrativos filiada à Fundação John D. e Catherine T. MacArthur, que conecta doadores com soluções ousadas aos maiores problemas do mundo – como questões de desigualdade racial, desigualdade de gênero, falta de acesso a oportunidades econômicas e mudanças climáticas.