Chamado de “Projeto de Nação”, plano foi anunciado na última semana por três institutos militares. Proposta para Amazônia repete o “ocupar e integrar” dos anos 1970
Por CRISTIANE PRIZIBISCZKI, compartilhado de O Eco
Na foto: Maria Verônica Korilio Campos, vice presidente do Instituto Sagres, entrega o exemplar do Plano ao vice-presidente, general Hamilton Mourão. Foto: Foto: Romério Cunha/VPR
Militares dos Institutos General Villas Boas, Sagres e Federalistas apresentaram, na última semana, o que chamaram de seu “Projeto de Nação – O Brasil em 2035” em uma solenidade que contou com a presença do vice-presidente Hamilton Mourão.
O documento, de 93 páginas, foi construído com a perspectiva de manutenção do bolsonarismo no poder pelos próximos 13 anos. O Projeto de Nação, segundo os militares, tem o objetivo de “legar um Brasil melhor aos nossos filhos e netos”.
O documento aborda 37 temas estratégicos – eram inicialmente 132 –, como Geopolítica; Governança Nacional; Desenvolvimento Nacional; Ciência, Tecnologia, Educação; Saúde; Segurança e Defesa Nacional, e Segurança Pública.
A floresta tropical é mencionada dentro do tema Defesa Nacional, no capítulo “Integração da Amazônia no Brasil”, cujos objetivos são “ampliar as infraestruturas da Amazônia, de modo a consolidar sua integração ao núcleo de poder nacional e às demais regiões do País até 2035” e “Preparar a infraestrutura de transporte e energética regional para a formação de um mercado interno da Bacia Amazônica”.
Para isso, os militares propõem ações como mudanças nas leis referentes à exploração de minérios, de forma a torná-las mais “simples” e “flexíveis”, a regulamentação de capital extrangeiro nas atividades de exploração mineral e a recuperação da BR-319, por exemplo.
O documento diz, ainda, que é preciso “remover as restrições da legislação indígena e ambiental, que se conclua serem radicais nas áreas atrativas do agronegócio e da mineração”.
O projeto militarista cita como entraves para a “integração” e pleno desenvolvimento da Amazônia a atuação de ongs ambientalistas e o “movimento globalista”, formado por atores internacionais relevantes, que “interferem” nas decisões de governantes e legisladores.
O projeto foi coordenado pelo general Luiz Eduardo Rocha Paiva, ex-presidente do grupo Terrorismo Nunca Mais (Ternuma), a ONG do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.
O documento pode ser lido na íntegra aqui.