Proliferação de ladrões

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Por Ulisses Capozzoli, Facebook 

O principal aeroporto brasileiro, em Guarulhos, tem escandaloso roubo de combustíveis e os responsáveis pela área de abastecimento pedem que aviões encham seus tanques em outras praças. A confissão da incompetência em resolver devidamente a questão. Agora, com toda a suposta confiança, em Viracopos, assaltantes retiram US$ 5 milhões do interior de um avião da Lufthansa. Caem fora e ninguém sabe ninguém viu.

O presidente da República, não um qualquer, tem sido sistematicamente acusado de roubo, o que significa dizer que se trata de um ladrão. Como o caracterizou com todas as letras, em entrevista a uma revista do grupo Globo e em comunicado por escrito, o empresário Joesley Batista. Que o conhece bem, pois manteve com ele, o presidente, conversas nada republicanas, como virou moda dizer, nos porões do palácio do poder.




Um ladrão pode roubar tanto combustível, quanto dinheiro ou o que quer que seja que não lhe pertença. Ao menos neste sentido estamos tendo uma impressionante experiência de igualdade social. O que mereceu repugnância no governo anterior, em relação a pobres, remediados e ricos partilharem dos mesmos assentos de aeroportos e aviões.

]Essa é a classe de discriminação que mais avança no país. Do ladrão de galinha, ao gatuno do combustível ou do larápio dos dólares em aviões de carga. São todos, em pé de igualdade, ladrões. Com uma única diferença, afinal a discriminação não pode ser tão ampla.

Ladrões de galinha podem apodrecer na prisão. Bandidos com cobertura legal, protegidos por leis, tratados, convenções, acordos, acertos e um amplo conjunto de regras espúrias e danosas ao conjunto da sociedade desfrutam de prestígio e impunidade.

Deslocam-se em aviões oficiais, à custa de uma multidão crescente de desempregados e arruinados que a mídia, observando com binóculos invertidos, diz estarem diminuindo.

Gente que vende comida na rua, por preços mais baratos que os de restaurantes, para famintos também com pouco dinheiro nos bolsos se transformaram em “empresários”, donos de marmitas, da noite para o dia.

Milagres que nem a Bíblia registra na história de mais de 2 mil anos do cristianismo. Ah! Sim. Um embaixador, um certo pulha que atende pela alcunha de João Carlos de Souza Gomes, chefe da delegação brasileira junto à Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), acusado sistematicamente de assédio moral e sexual é reconduzido ao cargo, após um afastamento estratégico.

Aquele que permite à poeira baixar a ponto de o ambiente ficar minimamente respirável. Putaria generalizada, perdoem-me os leitores mais sensíveis e as prostitutas que consolam corações solitários numa atividade que, apesar da falsa repulsa social, é tão legítima quanto a de um comerciante.

A propósito, o protetor de ladrões e de comerciantes na Grécia era o mesmo: Hermes, filho do incansável Zeus e de Maia, nascido em uma caverna no Monte Cilene, na Arcádia. Diz a mitologia grega que Hermes, protetor de comerciantes e bandidos, era tão precoce que, no mesmo dia de seu nascimento, fugiu do berço e foi até Tessália, onde seu irmão Apolo, cuidava de um rebanho bovino. Os gregos sabiam mais do que nos contaram em seus escritos, memórias, poemas e especialmente nas tragédias, porque tinham especial predileção.

Que putrefação acelerada, que intensa fermentação de bactérias sob nossos narizes, sem a sonoridade ruidosa de uma única das milhares de panelas que clamavam, nas avenidas mais nobres e nas varandas mais caras, pelo fim da corrupção, do banditismo, da manipulação de dados.

As avenidas e as varandas mais caras não queriam nada com o enfrentamento da corrupção. Queriam, sim, que a parcela mais pobre da população cedesse a eles a exclusividade aos assentos de aeroportos e de aviões e que voltassem a gemer, como gemem há séculos, pela discriminação da polícia, que espanca negros e pobres. Que voltassem a ter fome pelo desemprego produzido pela desagregação crescente que rouba combustíveis e dólares de voos internacionais. Com um judiciário despudorado em sua maioria, preocupado apenas com suas vantagens senhoriais.

O país é um iceberg desprendido de uma geleira que se derrete no mar, em uma navegação errática, sem destino algum. Sem esperança, sem planos de navegação alguma, batido por princípios erráticos da natureza. O Brasil, se ainda não chegou ao fundo do poço, está perto de realizar esse feito.

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