Artista plástico, jornalista, escritor, conhecedor profundo de música e de política, Enio Squeff joga em todas as posições, com muito talento. Outro talento do amigo do blog é justamente o da amizade. Aqui, Enio, pelo Ateliê Squeff, sua página no Facebook, fala da isenção que o PSDB goza por parte do judiciário. Os vários de seus membros delatados dormem todos os dias tranquilamente, com a certeza que não dividirão o café da manhã com a Polícia Federal e procuradores. Ah, membros do judiciário, igualmente, dormem a sono solto, com direito a pijama de seda e touca com pompom.
Aqui, o texto:
Perguntas à meia dúzia de meus queridos leitores. Sobre a Lava Jato se disse e se diz muito. A começar pelas prisões consideradas arbitrárias. Vira e mexe, porém, e no frigir dos ovos, todos reclamam o que quase não se escreve que é o que parece faltar à memoria do juiz Sérgio Moro e seus procuradores: a prisão de gente do PSDB. O senador Delcídio do Amaral, uma vez feita a denúncia, foi preso em questão de horas, Por um prazo muito curto, também, o Senado foi consultado, e horas depois era dada a licença para a prisão do senador, então ligado ao PT.
Por essas e outras, toda a vez que converso com uma pessoa sobre o caos em que vivemos no Brasil, assaco quase um aforisma – de que só existe um partido honesto no Brasil. Ante a literal surpresa de qualquer um, eu justifico dando o nome aos bois. Trata-se do PSDB; e antes que o sujeito proteste (desde que não seja tucano evidentemente), eu justifico: não existe ninguém do PSDB preso pela Lava Jato. E como, no Brasil, quem é preso, é culpado porque é preso e não preso porque é culpado, fica a certeza de que o PSDB não tem nada a esconder.
Como assim? Perguntem ao Juiz Moro.Talvez seja também por isso que a ministra Eliane Calmon tenha reclamado da lista de seu colega Edson Fachin: dela não consta ninguém do Judiciário. Fica o suposto de que ninguém dentro do Judiciário não veja crime algum em ninguém do tucanato E só isso já seria motivo para reclamar que falta “alguém em Nurenberg” ( leia-se Curitiba).
Ausência de crimes, ou evidência deles? Nem tanto, talvez. Se um senador( Delcídio Amaral) foi preso pelo que podia dizer de si e do PT, por que raios os senador Aécio Neves, José Serra e Aloysio Nunes Ferreira estão soltos – se deles se sabe muita coisa – como José Serra e suas contas na Suiça ? e do seu partido, como o que deve saber o senador Aécio Neves?
As razões para tal inimputabilidade devem ser muitas – mas devem ser consideráveis também as que levaram o ministro E Edson Fachin a não incluir ninguém do Judiciário na
alentada lista, até agora, só de políticos. À falta de acusados do Judiciário, deve-se lembrar o que muita gente, enquanto vocifera contra Sérgio Cabral, se esquece de cobrar: e os ilustres membros do Judiciário do Rio – não seria de nenhum deles a responsabilidade de questionar a dinheirama que passava pelos seus ilustres narizes para as contas do governador?
Ao juiz Sérgio Moro quase todos concedem o bastão de Justiceiro Mór: ele não se curvou ao poder da Odebrecht. Mas e as outras empresas? Há uma, por exemplo, que o Judiciário paulista esqueceu, como a Alston. Ao fim do processo em que ficou provado que a empresa cobrou o que não devia, avulta a impressão, ou melhor a quase certeza, de que os seus executivos (os da Alston), esgueiraram-se na calada da noite, para dentro dos cofres da Secretaria da Fazenda de São Paulo, surrupiaram de lá o que bem entendiam. E ficou tudo por isso mesmo, já que nenhum único político do governo foi responsabilizado.
Ora, não é nada disso: mas gente do governo de São Paulo deve ter colaborado, não é mesmo? Assim no Rio, assim em Brasília, assim em todos os estados.
Muito bem, se existem criminosos tanto lá como
aqui, por que os daqui não vão logo presos e o ex-presidente Lula está ameaçado de ser trancafiado, no dia 3 maio, se dele não se tem nenhuma acusação tão contundente quanto as que pesam sobre inúmeros tucanos?
São perguntas, apenas perguntas, perdoem-me a meia dúzia de meus leitores. Por isso o meu mantra: o PSDB é o único partido honesto do Brasil e ponto.Ou o flagrante do juiz Sérgio Moro, às gargalhadas, com a cabeça colada à de Aécio Neves quer dizer muito mais do que a suposta piada que um contou ao outro?
São perguntas, perguntinhas meus meia dúzia de leitores.
A propósito e uma última pergunta: Emílio Odebrecht, o primus inter pares da empresa investigada, confessou que pagou propina até a Fernando Henrique Cardoso. É um corruptor. Por que não o prendem?