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“Não é razoável que nós estejamos a vender patrimônio público neste momento”, denunciou o líder do PT na Câmara, deputado Elvino Bohn Gass (PT-RS). A privatização dos Correios não terá a digital do PT, afirmam os parlamentares do partido
A privatização dos Correios não terá a digital do PT. A afirmação foi feita pelo líder do PT, deputado Bohn Gass (RS), nesta terça-feira (20), ao encaminhar o voto da Bancada contra a urgência para a tramitação do projeto de lei (PL 591/20), que quebra o monopólio da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e autoriza a exploração de serviços postais pela iniciativa privada. “Não é razoável que estejamos votando aqui a entrega de patrimônio público, neste período de pandemia, em que estamos sob cadáveres, por causa das mortes que acontecem em função da pandemia”, protestou.
A urgência foi aprovada com o voto contrário do PT e dos demais partidos de Oposição. O texto, que ainda terá o seu mérito analisado pelos parlamentares, determina que a União mantenha para si uma parte dos serviços, chamada na proposta de “serviço postal universal”, que inclui encomendas simples, cartas e telegramas. Outros serviços poderão ser explorados pela iniciativa privada.
Bohn Gass afirmou que Jair Bolsonaro mentiu na campanha eleitoral de 2018, ocasião em que como candidato disse que não venderia os Correios. “Mentiu! Muitos foram nessa onda. Hoje, Bolsonaro manda o projeto a esta Casa para vender os Correios. Ao contrário do que foi dito aqui pelos parlamentares liberais e bolsonaristas, os Correios fazem um excelente serviço, estão presentes em todos os municípios do País. Se entrar a iniciativa privada, vão aumentar os custos dos transportes, das encomendas. É o povo que vai pagar essa conta”, alertou.
O líder do PT disse ainda que a privatização vai afetar diretamente mais de cem mil trabalhadores da empresa. “Meio milhão de pessoas estão envolvidas com suas famílias. Não é razoável que nós estejamos a vender patrimônio público neste momento”, acrescentou.
Projeto lesa-pátria
Na avaliação do deputado Paulão (PT-AL) a aprovação da urgência para que se possa discutir a privatização dos Correios é um tipo de requerimento que “desonra a Casa”. “V.Exa. está presidindo e encaminhando um projeto lesa-pátria, que lesa a soberania, deputado Arthur Lira. Os Correios é uma das empresas mais antigas do Brasil. Em pesquisa de opinião, ela é a mais querida. Ela tem uma capilaridade em mais de 5.500 municípios”, afirmou.
Paulão citou que a empresa faz desde uma entrega importante para quem tem mais poder aquisitivo até uma correspondência numa comunidade rural mais simples. “Pode ser desde a Região Nordeste, de que fazemos parte — eu e V.Exa.—, principalmente, no alto sertão, até a complexidade da Região Amazônica, por onde vias terrestres não conseguem entregar, tem que ser via fluvial. E V.Exa. tem responsabilidade, sim, como presidente desta Casa, porque está colocando na bacia das almas, primeiro, o requerimento de urgência; depois, a privatização dos Correios”, criticou.
O deputado frisou que o Brasil vive uma pandemia, com mais de 14 milhões de desempregados, principalmente a juventude pobre e periférica. “Quanto à perspectiva de crescimento, qualquer analista, inclusive conservador, de visão liberal, faz o prognóstico de que não vai ser positivo. E esta Casa pauta — o primeiro projeto de V.Exa. — a autonomia do Banco Central, que estava há 40 anos parado, sem passar por nenhuma Comissão. Teve um único objetivo: agradar ao mercado, e não à população brasileira, ao sistema financeiro, que é o único que ganha na pandemia no Brasil e no mundo!”, criticou.
Ele citou ainda que na presidência de Arthur Lira já foi aprovado o marco do saneamento básico, a Lei do Gás. “E agora V.Exa. pauta essa proposta, sabendo o papel que tem os Correios, principalmente para o Nordeste e o nosso Estado de Alagoas. As agências do Banco do Brasil estão fechando, há perspectiva de fechamento de agências da Caixa Econômica. E a importância dos Bancos Postais quem realizam são os Correios”, lembrou.
Paulão ainda fez um apelo para que o requerimento de urgência fosse retirado de pauta fazendo um último pedido para que o projeto fosse retirado de pauta. “Pode ter certeza: a aprovação desse requerimento é um passo muito forte para a privatização. Mas o PT não colocará digital nesse projeto lesa-soberania. Somos contrários à urgência”, reforçou.
Empresa lucrativa
O deputado Henrique Fontana (PT-RS), ao se posicionar contra a privatização, enfatizou que a estatal era lucrativa, e citou que em 2020 foi registrado um lucro de R$ 1,5 bilhão. Ele afirmou que a proposta vai na contramão do crescimento do País. “Em vez de o País ganhar dinheiro, modernizar as atividades dos Correios, em vez de nos espelharmos em mais de 80% dos países que têm serviços nacionais de correio, aqui a prioridade é vender o patrimônio público na bacia das almas”, criticou.
O deputado Helder Salomão (PT-ES) criticou a sanha privatista do governo Bolsonaro e destacou que os Correios, assim como outras empresas como a Eletrobras e a Petrobras são estratégicas para a nossa economia e para a nossa soberania. “E o governo quer entregar tudo isso em plena pandemia, que já tirou a vida de mais de 375 mil brasileiros”, lamentou.
O deputado do PT capixaba questionou o porquê da privatização dos Correios, uma empresa que dá lucro. “Por que privatizar os Correios, que é estratégico para a integração nacional, que gera milhares de empregos, que tem dado lucro e que é fundamental para a soberania brasileira? Por que privatizar os Correios, uma empresa responsável pela entrega de correspondências, encomendas, medicamentos, especialmente agora, durante a pandemia, nos lugares mais distantes do nosso País?” Ele mesmo respondeu as suas indagações afirmando que a privatização é para beneficiar os mais ricos e prejudicar a grande maioria da população brasileira.
Solidariedade aos trabalhadores
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) manifestou solidariedade e apoio total aos trabalhadores e trabalhadoras dos Correios. “Eu sou contra essa privatização prevista neste projeto enviado a esta Casa por Bolsonaro. Essa privatização é um crime contra a Nação brasileira. Nós estamos numa crise econômica, numa outra crise, em que há desemprego total, a maioria da população passa fome. Ele está cometendo o crime do desmonte dessa grande empresa, está destruindo o futuro dos trabalhadores e trabalhadoras deste País, aliás, do que resta do futuro, nesse processo de privatização uniforme”, desabafou.
Do PT na Câmara