Por Antonio Vergueiro* – 

Estava na aula quando o professor disse: “Hoje quero que vocês escrevam sobre suas paixões!“

Meu Deus, pensei, tão fácil que chega a ser difícil: futebol, escrita, vídeo-game, música, séries, história, cozinha, comida…. São tantas, como poderia botar tudo isso em apenas cinco linhas?

Resumi para soccer (futebol) e write (escrita). Deu certo, cinco linhas cravadas, resumindo muito.

“Okay, alunos, agora é hora de compartilhar”, disse o professor, entusiasmado pelas paixões que ouviria.

Li a minha e outros disseram as deles. Mas o que mais me impressionou foi ouvir pessoas que disseram que não sabiam ou que não tinham paixões.

Como pode? Eu sou praticamente movido por paixões e você não tem nenhuma?

Como pode alguém não ter amor a nada? Não ter paixões? Que pessoas mais vazia, fiquei pensando.

O professor, assustado, pergunta: “Como não? Estranho. Bem, se não tem ainda, não há melhor hora para descobrir do que agora, no ensino médio, na faculdade…”.

Empolgado, assim como eu, o professor contou das paixões dele por longos minutos. Adoráveis minutos, diga-se de passagem. Afinal, pelo menos para mim, com o jornalismo correndo pelas veias, uma das melhores coisas da vida é ouvir sobre a vida, dos outros….

Ouvir sobre os momentos, as felicidades, as paixões… De certa forma, acho que isso se encaixa em uma das minhas paixões também. Cheguei à conclusão de que essas pobres pessoas, tão vazias, não eram tão vazias assim. Me recuso a acreditar que com 16, 17, 18 anos elas não tenham nenhuma motivação.

Pois, para mim, as paixões são o que nos mantém vivos, que nos dão a razão, o objetivo de viver.

Talvez essas pessoas apenas sejam tímidas e não queiram compartilhar com os outros da classe, com o professor. Pensando assim, por esse lado, elas têm o meu respeito. Afinal, estas pessoas não têm a menor obrigação de contar suas paixões para nós, jornalistas, fofoqueiros do dia-a-dia.

Desculpe, mas não posso deixar de perguntar, é um impulso, quase uma necessidade de saber, e a sua paixão, qual é?

​*Antonio Vergueiro, 16 anos, nosso colunista em Los Angeles, mostra que é movido por paixões. E você?