Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado
Sim, Dia das Mães, precisamos celebrar este dia. Mas, me desculpem o jargão, mãe é para ser reverenciada todos os dias. No entanto, quero falar aqui de um outro tipo de mãe: a filha que cuida de forma maternal da própria mãe ou da mãe do companheiro, a quase sempre vilipendiada sogra.
Tenho vários exemplos de quem se dedica à mãe como se mãe fosse da própria. Minhas duas irmãs, Vania e Tania, estão neste quesito. A Vania cuida da minha mãe, que mora com ela. A Tania cuida da sogra, que também vive na mesma casa. Ambas têm maridos e filhos.
Tenho uma amiga no trabalho, cuja mãe e pai foram morar na casa dela para que seu cuidar ganhasse maior proximidade. Tenho amigos e amigas que cuidam da mãe e do pai diuturnamente. Alguns, quando os pais têm mobilidade e memória, moram ao lado deles; outros, levam suas mães e pais para suas casas quando estes já não podem cuidar de si.
Dizem que uma notícia só chama atenção pelo inusitado. Dou estas notícias para lembrar daqueles que abandonam mães e pais quando chegam à idade adulta. “Ah, tenho meus filhos para cuidar, tenho minha casa e ainda tenho que cuidar da minha mãe ou de meu pai?”
O inusitado, infelizmente, é minhas irmãs, minhas amigas e amigos cuidarem dos seus entes que as colocaram no mundo. O geral é abandonar, esquecer e só lembrar no Dia das Mães, Dia dos Pais (nem sei se tem Dia da Sogra).
E isso, vai contra o outro jargão de que isso só acontece no Brasil. É uma síndrome em vários lugares do mundo, talvez a maioria.
Outro dia, falando com uma pessoa que mora nas Suíça há 15 anos, ele me dizia de todos os avanços econômicos e sociais daquele país, mas levantou um dos paradoxos daquele tão decantado local, o abandono de idosos. E este abandono não é financeiro, mas sentimental. Me dizia ele que há casos de idosos que praticam pequenos delitos para irem presos e lá conviverem coletivamente. E o que falou não me pareceu “chute”, pois ele trabalha na Justiça.
Então, parabéns à Dona Inez, que completou 88 anos recentemente, por ter ao seu redor a Vania e a Tania, figuras femininas tão importantes que se tornam mães de mãe. E parabéns aos meus amigos e amigas que igualmente se dedicam à mãe como se fosse sua filha. Quem sabe um dia isso se torne prática geral para pudermos encher o peito e dizer: só podia ser no Brasil.
Foto da postagem: Mãe Inez e Vania mãe