Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, para o Bem Blogado
O governo da extrema-direita não vai aprender nada com seu monumental fracasso em todos os campos, do econômico ao civilizatório. Em seu delírio, precipício é chamado de Paraíso. Preparemo-nos para não dançar a valsa da morte.
Uma hora, não se sabe quando ainda, a pandemia vai passar ou ao menos amenizar, apesar do descaso genocida de Bolsonaro e sua gangue. A terra econômica estará arrasada, infelizmente, para a classe trabalhadora do Brasil. Mas os vampiros liderados por Guedes já anunciam que querem mais sangue e tentarão avançar sobre o quase nada que restará para os pobres. E teremos, de alguma forma, encontrar forças para impedir o massacre final.
É um pouco de exercício de futurologia garantir que Bolsonaro vai conservar o mandato mesmo em meio a tantas denúncias. Mas o passado recente de Judiciário e Congresso recomendam a aposta na permanência do fascista. É História, não torcida.
Vários economistas de corte liberal abriram mão, mesmo que temporariamente, de seu credo e vislumbram um cenário de recuperação lentíssima da economia mundial, em que será fundamental garantir renda mínima para os mais atingidos pela recessão ou depressão. Leia-se políticas sociais.
Delirante, Guedes insiste em vender a ideia de que o Brasil será exceção durante o rescaldo do incêndio. Muito pior, falsifica o passado recente e promete um caminho que nos levará à tragédia definitiva.
No seu momento fasificador, o ministro do mercado viaja e diz que o País estava “voando” antes de a pandemia chegar aqui. Briga contra a realidade do Pibinho ridículo de 1% em 2019 e, principalmente, do último bimestre daquele ano, que já sinalizava recessão para 2020.
Isso, é sempre indispensável lembrar, depois de liquidar direitos trabalhistas e previdenciários dos trabalhadores e pobres. E qual a receita que o 171 dos números tem na cartola? Reformas e privatizações.
Não se sabe inteiramente o teor das primeiras, mas é seguro que de alguma forma, ou melhor, basicamente atingirão os de estrato mais baixo no Brasil de privilégios para a elite já rica. O passado recente está marcado pelas digitais de quem amplia a desigualdade.
Privatizações, palavra até bonita para esconder que se trata de entrega de patrimônio público a grandes grupos econômicos, certamente estrangeiros, numa hora dessas?
Alguém honesto intelectualmente acredita que investidores vão aplicar dinheiro em tempos de tamanhas incertezas? E logo no Brasil que é visto com chacota no mundo civilizado pelos modos e agir incivilizados de seu presidente? Ou, bem mais provável, o objetivo é entregar patrimônio do povo a preços simbólicos, para “diminuir o tamanho do Estado”?
Para essa destruição planejada, não se engane: Guedes e mercado contarão com o apoio firme do Congresso, a começar por Rodrigo Maia. A direita é amplamente majoritária no Congresso e não há nenhuma divergência com o governo Bolsonaro no campo econômico.
Toda eventual diferença em outros campos é diluída quando é hora de impor a agenda perversa. O Centrão cooptado jamais será obstáculo. E as bancadas financiadas por bancos e empresas estará lá para isso mesmo.
Portanto, não é hora de se iludir com historinhas bonitas apontando que a pandemia tornará mais generoso o olhar humano. Pode valer até para algumas pessoas e países, mas no Brasil o que existe é uma turma de fome espoliadora sem limites.
Até para os padrões do capitalismo europeu, por exemplo, Guedes é uma peça de museu, assim como Bolsonaro. Na América Latina mesmo, também.
Ao menos, é sincero. Guedes não esconde que quer reconstruir a casa tocando fogo no que restou. Na sua arquitetura, só vê o Chile de Pinochet que o próprio Chile hoje rejeita.
O governo da extrema-direita não vai aprender nada com seu monumental fracasso em todos os campos, do econômico ao civilizatório. Em seu delírio, precipício é chamado de Paraíso. Preparemo-nos para não dançar a valsa da morte.