Por Alípio Freirre, Brasil de Fato –
Em outras palavras, o candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2010, por caminhos sinuosos, propõe a privatização da nossa maior empresa pública, embora, por acanhamento (ou acanalhamento), tente negar – com o seu proverbial cinismo – tal objetivo.
Para quem ainda pudesse ter dúvidas, o senador tucano José Serra (PSDB-SP) abriu o bico e mandou ver: “A Petrobras deveria ser dividida em empresas autônomas sob o comando de uma holding. Aí, em cada caso, ou você vende, ou você abre o capital”.
E acrescentou: “Eu não teria nenhum problema de desfazer, ou conceder, ou associar a Petrobras em áreas diversas, que ela não tem que estar”. (*)
Em outras palavras, o candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2010, por caminhos sinuosos, propõe a privatização da nossa maior empresa pública, embora, por acanhamento (ou acanalhamento), tente negar – com o seu proverbial cinismo – tal objetivo.
O que ninguém esquece, porém, é que – de acordo com o Wikileaks, durante sua campanha para a Presidência, ele havia prometido o nosso Pré-Sal à empresa estadunidense Chevron. Ora, tudo isto só reforça a tese defendida pelo ex-ministro do Trabalho do presidente João Goulart, Almino Affonso, segundo a qual, desde a criação da Petrobras, as eleições brasileiras são polarizadas de um lado, por um candidato comprometido com a manutenção do nosso monopólio estatal do petróleo, e de outro, pelos representantes da política de privatização e entrega do nosso petróleo aos EUA (**).
E assim fica igualmente clara a correção da política levada a cabo pela presidenta Dilma e do seu secretário da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, no que diz respeito ao leilão do Campo de Libra: pequeníssima fração do nosso Pré- -Sal, cujo edital não pode ser disputado por empresas estadunidenses, e trouxe para as nossas águas a China – potência atômica e nossa parceira no BRICS.
Em 25 de fevereiro, poucos dias antes das declarações do senador Serra, em Feira de Santana (BA), durante a cerimônia de entrega de moradias do programa Minha Casa, Minha Vida, a presidenta Dilma Rousseff, em conversa com a imprensa, referindo-se à queda das ações da nossa petroleira, ao rebaixamento do grau de investimento da estatal por parte da Agência Moody’s, afirmou de modo incisivo, que a Petrobras “tem uma grande capacidade para se recuperar sem grandes consequências”. Acrescentou ainda: “Acho que é uma falta de conhecimento direito do que está acontecendo na Petrobras. O governo sempre vai tentar evitar o rebaixamento. Lamentamos que não tenha sido correspondido por parte da agência”.
Quanto a nós, neste momento, nossa tarefa é nos organizarmos e ajudarmos a convocar as manifestações em defesa da Petrobras, marcadas para o próximo dia 13, apesar do equívoco (oportunismo) dos seus organizadores, de misturar campanhas distintas (Petrobras e reforma da Constituição) numa mesma manifestação, o que – diferentemente do que pretendem – pode esvaziar e/ou descaracterizar o ato.
(*) As declarações do senador tucano, com mais detalhes, estão disponíveis no blogue da revista Fórum.
(**) Ver entrevista de Almino Affonso no filme “1964 – Um golpe contra o Brasil”, que dirigimos.