Quartelada nas escolas

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Por Leandro Fortes, jornalista, no Facebook – 

Ainda é tempo de o governador Ibaneis Rocha voltar atrás dessa patacoada sem sentido que é a militarização de escolas públicas, no Distrito Federal.

A vida militar é uma opção de carreira, não um método de ensino. As escolas públicas não precisam se transformar em simulacros de quartéis, com crianças prestando continência para bedéis fardados, nem sendo submetidas a normas de conduta e vestimenta como se fossem escoteiros mirins. Isso é ridículo.




O mito de que impor o regime de caserna às escolas públicas irá melhorá-las está escorado em uma mentira, a de que as escolas militares tradicionais são melhores porque, justamente, são militares.

Os colégios militares do Exército, criados para abrigar órfãos da Guerra do Paraguai, na segunda metade do século XIX, têm melhor rendimento escolar de seus alunos porque, em primeiro lugar, contam com um poderoso filtro de admissão, via concurso público. Então, naturalmente, há uma seleção de alunos de melhor rendimento do que os do universo geral de estudantes. Além disso, não são escolas públicas: as mensalidades são mais baixas, mas existem.

O mesmo vale para as escolas preparatórias das três forças armadas, unidades ainda mais privilegiadas. As da Aeronáutica e da Marinha têm o ensino médio completo. A do Exército, apenas o último ano. Todas são financiadas com recursos do Ministério da Defesa, pagam soldos aos alunos e lhes fornece, gratuitamente, uniformes, alojamento, assistência médica, quatro refeições diárias e a chance de ingressar, sem concurso, nas academias de formação de oficiais.

Não há comparação, portanto, com o que está se fazendo com os meninos e meninas pobres do Distrito Federal, tendo como base a experiência fascista levada a cabo em Goiás pelo ex-governador Marconi Perillo, que dispensa apresentações.

Na prática, Ibaneis autorizou a ocupação de quatro escolas pela Polícia Militar, o que, por si só, não faz sentido. As PMs, quase todas, têm seus próprios colégios militares, também com acesso via concurso público e com recursos próprios recebidos dos tesouros estaduais.

Não há projeto pedagógico algum, mas apenas a militarização grotesca da rotina escolar, uma paródia de marchas e continências dentro de uma política de doutrinamento obsoleta e autoritária. Há regras para uso das roupas, dos cabelos, das unhas, de brincos, colares, tatuagens. É patético.

Escolas públicas precisam de recursos e professores bem formados e bem remunerados.

Os estudantes precisam de aulas de qualidade, laboratórios, computadores, exercícios físicos e liberdade criativa para crescerem e aprenderem felizes. Civis.

A PM é bem vinda, do lado de fora, dando proteção e segurança a eles.

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