Quase 90% dos paulistanos aprovam suspensão e 81% não querem a volta das aulas

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Por Rodrigo Gomes, compartilhado da RBA – 

Pesquisa Viver em São Paulo mostra que a maioria dos paulistanos avalia o fechamento das escolas como fundamental para conter a pandemia de covid-19

Professores e pais de alunos protestam contra a proposta de retomada das aulas em São Paulo – Elineudo Meira/fotografia.75/Fotos Públicas

São Paulo – Quase 90% dos paulistanos aprovam a suspensão das aulas em São Paulo, iniciada em 23 de março. E outros 81% são contra a volta às aulas presenciais esse ano. É o que mostra a pesquisa Viver em São Paulo – Pandemia, realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope. Além disso, um terço dos moradores da capital paulista considera que a decisão sobre retomada das atividades presenciais deve partir de um diálogo entre autoridades, especialistas da educação e da saúde, familiares dos alunos e comunidade escolar.




O motivo mais apontado pelos que são contra a volta às aulas esse ano na cidade é o risco à saúde dos estudantes, professores e outros profissionais da educação. Nesse sentido, para 82% dos paulistanos, o risco de contaminação pelo novo coronavírus tende a aumentar com a volta às aulas. Outros 69% avaliam que o maior problema para os professores e outros trabalhadores da educação é o risco de contágio na comunidade escolar, devido às dificuldades de manter as medidas sanitárias e de distanciamento social.

Outro motivo que preocupa bastante aqueles que são contra a volta às aulas é a desconfiança das famílias de que as escolas vão conseguir manter o distanciamento social entre as crianças e de que os protocolos de higiene serão seguidos rigorosamente. No final de julho, a RBA revelou que documentos do Tribunal de Contas do Município (TCM) mostravam que as escolas municipais da capital já sofriam com falta de papel higiênico, sabonete líquido, papel toalha, entre outros itens de higiene, em 2019. E seria difícil garantir que isso não se repetiria na volta às aulas.

A auxiliar de enfermagem Daniela Andrade, mãe de uma aluna do ensino fundamental, confirma a preocupação detectada pela pesquisa. “Eu espero que a prefeitura não volte as aulas. Não vou mandar minha filha, morro de medo. A gente ouve que as crianças correm menos risco. Mas correm. Não são três meses de escola esse ano que vão mudar a vida de ninguém. Mas se algo acontecer com uma criança, vai destruir uma família”, afirmou.

Ela entende que o auxílio alimentação da prefeitura é insuficiente para muitas famílias, mas que isso não pode justificar a volta às aulas. “O poder público tinha de considerar um apoio maior para as famílias. Mas não pode ser uma chantagem de tem que voltar para poder comer. Precisa manter as escolas fechadas e garantir cesta básica, auxílio alimentação, alguma coisa para ninguém passar fome”, disse Daniela.

O prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), se posicionou contra a volta às aulas em setembro, como queria o governador paulista, João Doria (PSDB). Inquéritos sorológicos feitos pela prefeitura mostram que as crianças são mais contaminadas pela covid-19 e também são mais assintomáticas. Esse é um complicador a mais para garantir o controle da contaminação nas escolas. No entanto, Covas mantém a indicação de 7 de outubro para iniciar um plano de retomadas das atividades escolares.

Dentre os 15% que avaliam que as aulas presenciais devem ser retomadas, a maioria avalia que como outros setores já retomaram as atividades, as escolas também deveriam retomar. Há também aqueles que acreditam é preciso reabrir as escolas para preservar a saúde mental das crianças. E que os pais dos estudantes precisam trabalhar e têm que ter onde deixar os filhos.

A pesquisa também avaliou as principais dificuldades em realizar as atividades escolares online. Para 48% dos pais de alunos, o maior problema foi manter os filhos concentrados e interessados durante as aulas. Outros 33% apontaram a falta de internet adequada ou com velocidade insuficiente para conseguir acessar e assistir as aulas. Também foi apontado a falta de equipamentos para que todas as crianças pudessem acompanhar aulas realizadas no mesmo horário.

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