Por Yara Frateschi, Facebook –
O Juiz Eugênio do Amaral de Souza Neto não está sozinho! Ao liberar homem habituado a ejacular em mulheres em público sem o seu consentimento, ele disse claramente em sua sentença que não se trata de ato violento. A vítima, então, perguntou: “meu corpo é o que”?
O que o juiz comunicou à sociedade em sua sentença é que o corpo dela está à disposição de quem quiser nele ejacular. E se isso não é constrangimento e nem violência, o que dizer, então, do ato de passar a mão, acariciar a perna, levantar a blusa, apalpar? “Tudo bem, é grave, mas não é tão grave assim” (este é o teor da sentença).
O juiz, o MP que o amparou e todos os que o defenderam ao longo da semana com argumentos “jurídicos” comunicam a essa vítima e a tantas outras que nada disso é constrangimento ou violência contra a mulher.
Só não pode ter “conjunção carnal” forçada. E, com isso, eles dão um aval – “embasado juridicamente” – para que os homens em todos os lugares, de todas as idades, doentes ou não, continuem a se sentir no direito de dispor do corpo da mulher do modo como bem entendem.
Desde que não haja “conjunção carnal forçada”, tudo bem. E eu fico me perguntando: como é que nós vamos combater o assédio sexual numa sociedade que disponibiliza o corpo da mulher à vontade dos homens, com a apoio de juízes, promotores, operadores do direito?
Fico perturbada com esse mundo do “direito”. Ainda mais quando lembro que o ejaculador foi devolvido à sociedade e aquela mulher, mãe de quatro filhos, que roubou um ovo de páscoa e um quilo de frango, foi condenada a 3 anos de prisão e o ministro Nefi Cordeiro do STF negou a sua liberdade.
* O título da postagem é do Bem Blogado.
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