Que saudade do Jô Soares! Por Gustavo Conde

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Por Gustavo Conde, compartilhado de DCM – 

Resposta: muito de nós que habitamos este exótico mundo da coerência política.

Pedro Bial

Mas o exótico mesmo é ver pessoas com alguma integridade caindo na tentação de serem co-enunciadas por uma estrela global, apenas pelo fato de que essa estrela (velha, sem brilho) ainda remete a uma dicção institucionalizada das narrativas oficiais.

O nome disso é subserviência – codinome, ‘viralatismo’.

Para muitos, é bom ver a Globo, a Folha, o Estadão e seus respectivos funcionários-colunistas-apresentadores se alinhando ao discurso anti-Bolsonaro.




O próprio Paulo Vannuchi me disse: é melhor isso do que nada.

Concordo.

Mas daí a soltar fogos pelo re-enquadramento do apresentador Pedro Bial vai uma distância astronômica.

Confesso que ver pessoas minimamente sérias permitindo que suas respectivas imagens sejam associadas a Pedro Bial nas redes sociais, além de tristeza, me proporciona um sentimento de desterro… De perceber que a tendência de deslumbramento-conciliação da esquerda continua forte e de que nada do que ‘aprendemos’ nos últimos anos foi, de fato, apreendido.

É como se tudo o que se produz no país em termos de discurso anti-fascismo só ganhasse validade quando enunciado por um ex-representante do sistema.

Anitta, Felipe Neto, Gabriela Priolli, Reinaldo Azevedo, Elio Gaspari, Miriam Leitão, Guga Chacra, Leandro Karnal… Não importa a grife: a massa glamourizada de funcionários do establishment percebeu a própria omissão e agora tenta se reconciliar com a história.

E nós, daqui do chão da fábrica digital, estamos sempre à disposição, como reza a mais eloquente tradição cultural do país: passamos o pano para os patrões com gosto.

Repito: não tem problema que estas figuras omissas tenham se convertido a defensores intransigentes da democracia. É até engraçado.

Mas – me desculpem – é preciso se dar ao respeito.

Como diria Lula, sem autoestima, ninguém te respeita.

Sobre Bial, no entanto, há uma cifra a mais de singularidade de ordem ética e estética.

Bial tem um dos piores textos do jornalismo. Sua escrita é pavorosa, o esplendor do mau gosto, da breguice, de tudo o que é mais ‘pegajoso’ em termos de discurso.

Suas ‘crônicas poéticas’ recitadas nos paredões do Big Brother Brasil – esse excelente programa de televisão nos oferecido pela Rede Globo – são um registo histórico da sua falta de intimidade com o sentido.

É essa personagem que, de repente, faz um texto igualmente piegas, plagiário, recitado e que tem o beneplácito da turma do gargarejo da esquerda digital?

É.

O que Bial diz nesse preâmbulo anti-Bolsonaro é a coleção mais infame de clichês daquilo que já foi dito sobre Bolsonaro.

Repetição infinita, sem estilo e sem finesse – sic – que, enunciado por um ‘global’, ganha ares de notícia.

Sempre é bom lembrar: o estrago cognitivo, caras pálidas, foi grande.

Ver Bial vociferando contra Bolsonaro naquele tom recitativo que irremediavelmente nos leva ao enjoo causa um sentimento misto de comiseração (coitado do Bial) e repulsa – para não dizer indignação (mas isso é tão óbvio que soaria piegas).

Enfim, que saudade do Jô Soares!

Pelo menos, o gordo era inteligente – e não se levava tão a sério.

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