Publicado em Brasil 247 –
Planilha da empreiteira Queiroz Galvão, que teve o diretor-executivo Othon Zanoide preso, associa obras em São Paulo a doações a políticos tucanos; um dos nomes citados na planilha, segundo esclareceu a própria empreiteira, é o do ex-governador e senador eleitor José Serra; em nota, o PSDB reagiu, afirmando não existir “qualquer relação entre doações, todas elas contabilizadas e declaradas, e contratos públicos”; segundo o PSDB, as empreiteiras só vinculam doações de campanha a contratos públicos quando se trata do PT – neste caso, o caixa 1 vira propina; “o que existe é uma ginástica de blogs sujos pagos pelo governo federal para tirar o foco das investigações que desnudam a gestão petista na Petrobras”, diz a nota; tucanos, quando atingidos, tratam a Folha, autora da denúncia, como ‘blog sujo’
SP 247 – Uma reportagem deste domingo dos jornalistas Rubens Valente e Gabriel Mascarenhas, publicada sem o devido destaque pela Folha de S. Paulo (está escondida num pé de página), revela que a empreiteira Queiroz Galvão, uma das maiores do País, associa doações de campanha ao PSDB a contratos de obras públicas em São Paulo (leia mais em Empreiteira associa valor de obra a doação).
As informações foram confirmadas pelos repórteres junto à própria empreiteira, a partir de uma planilha apreendida na Operação Lava Jato. Nela, constam obras no estado de São Paulo e nomes de políticos que deveriam receber doações.
Segundo a reportagem, “a Queiroz Galvão confirmou que a planilha ‘representa estudos preliminares de disponibilidade de recursos em cada obra […] e que poderiam ser utilizados para doações, segundo avaliações ainda a serem realizadas.'”
Numa obra de R$ 117,5 milhões, por exemplo, que foi a do VLT na Baixada Santista, o valor estimado da doação de campanha seria de R$ 1,16 milhão, que a empreiteira classifica como “ProfPart”. Segundo a construtora, a expressão significa “Provisão Financeira para o PSDB”.
A mesma planilha tem anotações como “J.S”. Ao ser questionada, a Queiroz Galvão, que teve o diretor-executivo Othon Zanoide preso na Lava Jato, disse a quem se refere a anotação: o senador eleito José Serra (PSDB-SP).
Em nota, o PSDB reagiu, usando argumento semelhante ao PT, quando questionado sobre doações de empresas ligadas à Lava Jato. Os tucanos afirmam não existir “qualquer relação entre doações, todas elas contabilizadas e declaradas, e contratos públicos”.
Na mesma nota, o PSDB critica ainda o que chama de ‘blogs sujos’, ainda que a reportagem estivesse sendo produzida pela Folha de S. Paulo. “O que existe é uma ginástica de blogs sujos pagos pelo governo federal para tirar o foco das investigações que desnudam a gestão petista na Petrobras”, diz o texto.
No fim, mais um ataque – bolivariano???? – do PSDB ao jornalismo. “Investigação séria envolve delações premiadas e provas efetivas de corrupção – não o jornalismo de planilha”.
No entanto, a planilha foi apreendida no âmbito da Operação Lava Jato e as informações nela contidas foram confirmadas pelos repórteres junto à própria empreiteira. É a Queiroz Galvão quem vincula doações ao PSDB, especificamente a José Serra, a um percentual de obras públicas realizadas em São Paulo.