Por Majonéz Budafóki, via Eduardo Vasconcellos –
“Quando eu parei pra assistir a entrevista do homem que matou Mestre Moa eu respirei fundo antes, porque achei que ia passar raiva. Mas o que eu senti foi pena. Um homem negro matando um outro homem negro em nome de um cara que com certeza não mataria por ele. O rosto dele enão parecia o de um fascista convicto de sua crença. Era, ao contrário, um rosto surpreso, de alguém que jamais imaginou ser capaz de tirar a vida de outra pessoa. Mas consumido pelo ódio ele tirou. Acabou com a própria vida também.
Essa semana teve o caso da médica que rasgou a receita de um senhor de mais de 70 anos, porque ele declarou ser eleitor do Haddad. Ela disse que ficou enfurecida por ele não ter votado no candidato dela (não preciso dizer quem).
O senhor foi humilhado no meio do hospital e, doente, ainda teve que se dirigir à delegacia. A médica disse estar arrependida e pediu ajuda a Deus para que ele tirasse aquela mágoa de dentro dela. Falou que percebeu estar se tornando algo que ela não gostaria de ser.
Eu também carrego lá meus ódios. Mas, por sorte ou criação, não me é preciso um esforço muito grande para deixá-los de lado. Eu, por exemplo, tenho profundo desprezo pelo José Serra. Esses dias descobri que a aparência terrível dele é devido a um câncer. Não consigo mais rir da piada do Nosferatu. Meu desprezo por ele continua, mas pra mim é impossível que eu não me sinta mal por alguém que trava uma batalha tão dolorida como essa.
Não permito que o ódio crie raízes tão profundas a ponto de eu perder a capacidade de sentir compaixão pelo outro. Ou pior, a ponto de me levar a fazer coisas que não condizem com a essência do que eu sou.
Se você sente que o ódio está te consumindo eu sugiro que você se acalme e reflita a quem ele beneficia. Com certeza não é a você.
“As pessoas são ensinadas a odiar, e se elas conseguem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto.” Nelson Mandela”
Majonéz Budafóki
