Por Alexandre Machado Rosa, professor do Instituto Federal de São Paulo
Os velhos dilemas existenciais, do tipo vida X morte, amor X ódio, capital X trabalho sempre, expuseram obviedades. Obviedades para quem se preocupa com coisas que parecem óbvias. A única forma de esconder tais obviedades é fazer uma total abstração da realidade e constituir, assim, uma forma de pensamento puramente abstrata. Parece simples, mas não é. A pandemia de Covid nos trouxe o primeiro dilema: vida X morte.
Não gosto muito do pensamento binário que o positivismo cartesiano nos treinou para analisar a vida. Prefiro a dialética em espiral. Mas entre a vida e a morte não há como escapar.
O capitalismo, para se afirmar, precisa desumanizar as relações sociais. Logo, ao descartar a vida não se importa com a morte.
O amor, não o amor erótico, o amor como sentimento utópico tem sido o grande defensor da vida. Logo, o ódio fica implícito àqueles que acham a vida descartável.
A pandemia expôs a terceira dicotomia: capital X trabalho. Todos que saíram em defesa do capital durante a pandemia não tiveram nenhum temor em minimizar as mortes, incluindo discursos de ódio contra pobres e velhos.
Lembro do dono do Madero falando: “O que são 30 ou 40 mil mortes diante do colapso do capital?”
A pergunta, portanto, que temos que responder é: quem cuida de quem? Acrescento outra: para que serve o Estado?
Ficam as dicas.