Cardeal italiano combina perfil progressista com habilidades diplomáticas; Matteo Zuppi é conhecido por andar de bicicleta nas ruas de Bolonha
Por Deny Campos, compartilhado de ND Mais
na foto: O 'cardeal ciclista' trabalha diretamente com migrantes, pobres e comunidade LGBTQIA+ - Divulgação/ND
O cardeal Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha, na Itália, aparece como um dos favoritos no conclave que começa nesta quarta-feira (7). Chamado de “Bergoglio italiano” por sua sintonia com Francisco, o religioso de 68 anos é conhecido por seu estilo despojado.
Zuppi é famoso por preferir andar em sua bicicleta ao invés do carro oficial, além de trabalhar diretamente com migrantes, pobres e a comunidade LGBTQIA+.
Líder da Conferência Episcopal Italiana desde 2022, Matteo Zuppi construiu reputação como mediador hábil, herança de seus anos na Comunidade de Santo Egídio, organização católica dedicada à resolução de conflitos.
Seu gesto de incluir tortellini sem carne de porco em festa religiosa — para acolher muçulmanos — sintetiza sua abordagem inclusiva, que o tornou “autoridade moral até para não crentes”, segundo analistas do Vaticano.
Matteo Zuppi, o ‘padre ciclista’ de Bolonha
Romano nato, com sotaque forte e sólidas raízes católicas, o “padre ciclista”, como é chamado por pedalar pela cidade, teria de equilibrar seu histórico como “padre de rua” com a complexa governança da Cúria Romana. Zuppi é conhecido nas ruas de Bolonha pelo seu carisma e simplicidade.
Para os moradores, é comum ver o “Padre Matteo” com sua batina preta aos ventos, pedalando sua bicicleta nas ruas da cidade. O “cardeal ciclista”, como é chamado por lá, se desloca para ajudar quem necessita em lugares onde poucos líderes vão.
Chamado de ‘Padre Matteo’, se eleito, marcaria o retorno de um italiano ao papado após 46 anos – Foto: Divulgação/ND
Esperança italiana e opiniões divididas
Sua eleição marcaria o retorno de um italiano ao trono de Pedro após 46 anos — desde João Paulo I. Porém, também testaria a capacidade da Igreja Católica em lidar com suas contradições, especialmente em temas como diversidade e transparência.
A possível eleição de Matteo Zuppi divide opiniões dentro da Igreja. Enquanto progressistas veem nele a continuidade das reformas de Francisco, conservadores olham com desconfiança para suas posições.
Conclave marcado para dia 7 de maio escolherá o 267º pontífice – Foto: Reprodução/Vatican News/ND
Início do conclave
- Quando? A partir do dia 7 de maio, às 5h (horário de Brasília).
- Onde? Capela Sistina, no Vaticano.
Quais são as regras
- Para ser eleito, o candidato precisa somar dois terços dos votos — no conclave atual, são 89 votos. Podem ocorrer até quatro votações por dia.
- Se após três dias um novo papa ainda não tiver sido definido, os cardeais se reúnem em oração. Isso pode se repetir até sete vezes.
- Caso nenhum candidato alcance dois terços dos votos, a Igreja Católica determina que os dois mais votados na última rodada disputem uma votação final, que se encerrará apenas quando um deles atingir a maioria de dois terços.
- Quando for feita a escolha do novo papa, o público será informado mediante uma fumaça branca que sairá da chaminé.
Cronograma
- Missa dentro da Basílica de São Pedro — 10h no horário de Roma (5h de Brasília);
- Almoço no refeitório de Santa Marta;
- Orações na Capela Paulina antes do conclave — 16h30 no horário de Roma (11h30 de Brasília);
- Procissão para a Capela Sistina, onde cardeais farão a primeira votação.