Ontem, o Brasil assistiu perplexo às manobras de um parlamentar federal para defender o vivendeiro, honrar a tradição de brutalidade da extrema-direita e, por fim, dividir uma família, cooptando os irmãos do guarda municipal Marcelo Arruda, assassinado no sábado por um bolsonarista.
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Mas quem é Otoni? Trata-se de um dos mais nocivos deputados federais que o Brasil já teve, eleito com mais de 120 mil votos pelo povo do Rio de Janeiro. Para variar, é pastor evangélico e acumulou patrimônio com suas furiosas pregações de intolerância cultural e religiosa.
Ataca sistematicamente o Carnaval, afirmando que se trata de um “culto aos orixás com dinheiro público”. Na Internet, dispara frequentemente contra Anitta. Pergunta, por exemplo: “ela é cantora ou é uma garota de programa?”.
Também é reconhecido por sua ira contra os homossexuais. No mês passado, mobilizou a ala conservadora do Congresso para a realização de uma audiência pública sobre os supostos danos causados às crianças pela versão da boneca Barbie que homenageia uma mulher transexual, a atriz norte-americana Laverne Cox.
Esteve envolvido no esquema de fake news da extrema-direita. De acordo com a Procuradoria-Geral da República, pagou R$ 238,5 mil de sua cota parlamentar para a quadrilha encarregada de disparar mensagens falsas em campanha eleitorais e nas convocação de atos antidemocráticos. É um dos entusiastas da campanha de ódio movida pelo mandatário e seus filhos.
Os fatos foram comprovados após quebra de sigilo autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No ano passado, foi condenado a indenizar o ministro Alexandre de Moraes por outros insultos: “cabeça de ovo”, “cabeça de piroca”, “lixo” e “esgoto”. A decisão foi tomada pela 5ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), que estabeleceu estabeleceu punição com pagamento de R$ 50 mil.
Otoni de Paula descobriu a inclinação política dos irmãos de Marcelo por meio do influenciador Oswaldo Eustáquio, elemento que foi preso por determinação do mesmo ministro Alexandre de Moraes no inquérito que investiga a organização de atos antidemocráticos. Ele deixou da prisão em janeiro de 2021.