Por Jori Calderaro, Facebook –
Veja a resposta de uma sábia
Para os cargos do Executivo, não votamos em pessoas e sim em projetos chefiados por indivíduos. Na eleição de 2014, como nas cinco anteriores, tínhamos dois projetos disputando o segundo turno. De um lado o projeto petista chefiado por Dilma Rousseff, e do outro o projeto tucano chefiado por Aécio Neves. Ao final da eleição, decidiu a maioria pela continuidade do projeto liderado pelo PT.
Boa ou não, esta foi a vontade da maioria, e respeitá-la é a base do funcionamento do modelo democrático. Um ano depois, o vice Michel Temer se virou contra este projeto e passou a conspirar contra a líder do Executivo. Sendo bem-sucedido em seu plano, assumiu a presidência e convidou o lado derrotado em 2014 para governar e implantar seu projeto de governo, rejeitado nas últimas quatro eleições.
Esta é uma das principais razões para que Temer e seu governo não possuam legitimidade no cargo. Sem discutir a forma como o processo de impeachment foi conduzido, seu projeto não representa a vontade da maioria que se expressou democraticamente em 2014.
O argumento de que o voto em Dilma foi o voto em Temer é típico de um pensamento pobre e personalista, que enxerga a política como uma disputa entre pessoas e não entre ideias e projetos. Existe no Brasil uma ausência de cultura política, mesmo entre a elite que se considera melhor educada, muitas vezes incapaz de aceitar o fato de que a maioria da população quer o país sendo dirigido de uma forma que não a agrade.
A educação é pensada como uma forma de gerar mão-de-obra, e não como uma forma de gerar cidadania e senso crítico. A vitória em 2014 não foi da pessoa Dilma, e sim do projeto de governo por ela chefiada. Projeto este que foi derrubado por seu vice, que passou a governar com o outro projeto que foi derrotado. Quem colocou este último no governo não foram os eleitores da petista.
Por isso, não, quem votou em Dilma não votou em Temer.”