Governo brinca com PIB e diz que país “cresce”. Em quinze gráficos, expomos o que a fala esconde. Produção arrasta-se; reprimarização acelera-se; investimentos declinam; emprego e salários caem; fome alastra-se e população enforca-se em dívidas
Por David Deccache, compartilhado de Outras Palavras
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Um ensaio popular de David Deccache
1. Vamos descobrir através de um conjunto de indicadores selecionados? Preparei alguns que ajudam a ilustrar a real situação do pais.
2. Como vemos na série encadeada, o crescimento de 2021 é mero efeito de carregamento estatístico pós fundo do poço em 2020. Mais que isso: o resultado revela que é como se o Brasil tivesse parado desde 2015, ano de início da austeridade e da ofensiva lava-jatista.
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3. E quando a gente olha o PIB por setor – agro, serviços e indústria – o resultado é bem preocupante. A indústria, que paga melhores salários, gera postos de trabalhos formais e efeitos de encadeamento desejáveis, é quem mais está rastejando nos últimos anos. Já o agro, vai bem.
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4. Já a formação bruta de capital fixo, estagnou e até começou a descer ladeira em 2021. Esse é um dos indicadores mais importantes para entendermos para onde a economia caminha no futuro, já que registra a ampliação da capacidade produtiva da economia por meio de investimentos.
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5. Já aqui temos o PIB em dólares. Descendo a ladeira.
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6. Agora vamos para a vida concreta da população, começando pelo “rendimento real efetivamente recebido” (apliquei média móvel para 4 períodos). É, a situação não está nada boa. A grana que o povo coloca no bolso está descendo a ladeira.
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7. Mas e a inflação, como anda? O IPCA foi parar nas alturas! Está tudo muito caro!
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8. E quando a gente olha mais de perto o IPCA, vemos que nos últimos anos os custos de habitação, alimentação e transporte – o básico para a pessoa sobreviver – estão crescendo acima da média! E tudo isso com desemprego muito alto, como veremos a seguir!
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9. E o desemprego? Muito alto, mas ele não conta tudo! Abaixo, temos a quantidade de pessoas desempregadas no ano (calculada pela média mensal no período).
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10. Muitas pessoas que perderam empregos formais ao longo de 2020/21 estão recorrendo a trabalhos informais. É o que revela a taxx de informalidade: em 2021, os trabalhadores informais somaram 36,6 milhões, aumento de 9,9% frente a 2020. A taxa de informalidade subiu de 38,3% para 40,1%.
11. Já esse aqui é o endividamento das famílias em relação à renda acumulada! Com desemprego e queda na renda, o endividamento das famílias está explodindo!!! Na busca por sobrevivência, as pessoas se endividam cada vez nas taxas de juros bancárias criminosas do Brasil.
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12. Também não podemos esquecer dos preços dos combustíveis, que explodiram por conta da política de preços vergonhosa adota pela Petrobras após o golpe. Vamos olhar para o preço do gás de cozinha, já corrigido pela inflação (IPCA)? Explodiu, penalizando os mais pobres!
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13. Já o diesel, cujo preço é repassado para praticamente toda a economia dada a nossa matriz de transporte, também não para de subir.
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14. Por fim, a gasolina: explosiva!
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15. Já o índice criado pelo economista Arthur Okun é um “termômetro social” para medir a satisfação da sociedade com a economia. Segundo a atualização da assessoria econômica do PSOL para o índice no Brasil, 2021 foi o pior ano da série histórica disponível (23,65).
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16.A combinação de altos níveis de desemprego e inflação se manifesta também em forte aumento da insegurança alimentar e fome no Brasil.
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17. O Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar indicou que do total de 211,7 milhões de pessoas na população, 116,8 milhões (55,2%) convivem com algum grau de Insegurança Alimentar. Destes, 19,1 milhões (9% da população) estavam passando fome (insegurança alimentar grave)
18. Conclusão. Estamos passando por uma das mais profundas e longas crises da história e que combina desemprego elevado; precarização do mercado de trabalho; alta inflação; queda na renda do trabalho; endividamento das famílias… Do lado de fora da propagando do governo, a situação é terrível!