O ano em que os quilombolas apareceram oficialmente no Censo do IBGE foi também o ano em que Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete, líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, na Região Metropolitana de Salvador, foi executada com 21 tiros, engrossando uma triste estatística. De acordo com levantamento da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), pelos menos 30 lideranças foram assassinadas nos últimos 10 anos, a grande maioria em conflitos envolvendo os territórios quilombolas, ainda sem regularização definitiva. Falta de titulação cria insegurança nos quilombos e torna a defesa e preservação dos territórios a prioridade dos quilombolas do século XXI, no ritmo atual, serão precisos dois mil anos para a conclusão dos 1.787 processos de reconhecimento dos territórios. Sem a posse definitiva de seus territórios, os quilombos ficam expostos à especulação imobiliária, a crimes ambientais e ao agronegócio.