Por Luis Nassif, publicado em Jornal GGN –
Estamos promovendo uma assembleia no próximo sábado, a partir das 18 horas, no próprio Alemão: um abraço no Alemão.
O país está em luta de resistência contra a destruição da nossa história pela era Bolsonaro. Um dos pontos centrais é o da preservação da maior instituição nacional – os botecos – vítimas da crise econômica atual.
O bar do Alemão, na Avenida Antárctica 550, é um desses casos clássicos.
Foi criado em fins dos anos 60 pelo dono de uma imobiliária, o Murilo, com o objetivo explícito de receber os amigos. De fato, a partir de determinada hora as portas fechavam e só entravam os amigos. Murilo era um bandolinista razoável e um personagem de Brecht: quando bebia ficava cheio de amor para dar, e o bandolim tocava melhor.
De Murilo, passou para Dagoberto, o inesquecível Dagô, que deixou a profissão de vendedor de livros para se tornar dono de boteco.
Foi um período inesquecível. Pelo bar passaram todos os grandes nomes da música popular brasileira, de Cartola e Nelson Cavaquinho a Aldir Blanc e João Bosco, Vanzolini, Hervé Cordovil (parceiro de Noel em As Pastorinhas), Clara Nunes, João Nogueira.
Dago morreu, o bar foi para as mãos musicais de Eduardo Gudin que, no início dos anos 70, havia sido o primeiro personagem marcante do bar.
Tem histórias para todo lado. Quando o Estadão mudou sua sede para a Marginal, e a TV Cultura se instalou por lá, o bar se tornou não apenas centro de encontro de músicos, mas de jornalistas, dos professores e estudantes da PUC, de chorões, sambistas.
Gudin segurou a peteca por muitos anos, mas agora desanimou e pretende fechar o bar. É para tentar uma saída que estamos promovendo uma assembleia no próximo sábado, a partir das 18 horas, no próprio Alemão: um abraço no Alemão. Lá, vamos discutir saídas, possibilidades, novas formas de resistência para preservar o bar.
Apareça por lá, pois o Alemão é uma instituição autenticamente paulistana.