Craques das letras e das reminiscencias, , o amigo do blog, José Sérgio Rocha, leva-nos até as redações onde viveu por muito tempo.
Vamos viajar com o Zé Sérgio:
Fantasias e prefixos
Já fui morcego, clóvis (bate-bola), terrorista português, imperador romano, homem das cavernas e até padre da Passeata dos 100 Mil, neste caso, há duas décadas, num desfile de carnaval da Em Cima da Hora, escola de samba do subúrbio de Cavalcanti que tinha como um de seus diretores o colega Tião “Olhos Castanhos”, diagramador do Globo.
Falando no Tião, Redação de jornal era muito legal há uns tempos. Tinha até jornalista com prefixo. Tião ganhou o apelido porque, no meio do fechamento, cantava apenas uma frase da canção portuguesa “Olhos Castanhos”. E nada mais. Era hilariante. Já o prefixo do Carlos Marcier, secretário noturno, era um solo (horroroso por sinal) de pistom.
Outro bordão, este na Avenida Brasil 500, era o de Luarlindo Ernesto Silva, quando fazia plantão na Geral do Jornal do Brasil no tempo em que os paulistas J.B. Lemos (ou “JB que não lemos”, apelido dado por Joaquim Campelo) e José Nêumanne chefiavam a Redação. O prefixo era “Rau-du-iú-dús?” e ele mesmo explicava em seguida: “Como vão vocês?”.
Um barulho na Redação do JB – podia ser a queda de uma máquina de escrever ou de uma cadeira – era imediatamente seguido de um coro ensurdecedor: “Rafaeeeeeeeel!”. Sacanagem com o ilustrador Rafael, que costumava derrubar coisas da mesa a toda hora.
Já na Redação do DIA, há poucos anos, o coro geralmente tinha a ver com futebol. Um redator, cujo nome prefiro omitir, era famoso por errar prognósticos dos resultados dos jogos. Era uma espécie de grito primal coletivo e vaia: “Chuuuuupa Nelson!”. Pode deixar que não vou te entregar, Nelson Moreira…
Outro bordão inesquecível: Deodato Maia, que dividia com Argeu Affonso e Aluísio Branco a responsabilidade pela Secretaria do jornal (estou certo, Argeu?), todas as noites levantava o vozeirão que podia ser ouvido até na esquina da Riachuelo:
“NA REDAÇÃO DO GLOBO SÓ TEM VIADO, MALUCO E COMUNISTA”. Depois de se divertir com a gargalhada geral, vinha o grand finale do Deodato: “E ALGUNS ACUMULAM!”.