A Polícia Federal prendeu nesta terça quatro pessoas acusadas de hackear os respectivos telefones de Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e outras autoridades. Em São Paulo, foram presos Gustavo Santos e sua mulher, Suellen Priscila de Oliveira; em Araraquara, Walter Delgatti Neto, que já responde a processos por estelionato. A quarta detenção foi feita em Ribeirão Preto. Todos foram alvos da Operação Spoofing, que incluiu ainda sete mandados de busca e apreensão. Todos já foram transferidos para Brasília.
Setores da imprensa andam forçando a mão, associando a ação desses supostos hackers aos diálogos que têm vindo a público entre o então juiz Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato, e deste com seus pares no Ministério Público. Será mesmo? A equação não fecha. E cumpre que todos fiquemos atentos porque há muita gente empenhada em arranjar culpados a todo custo.(…)
As pessoas são livres para acreditar no que lhes der na telha, não é mesmo? Será razoável imaginar que, em cinco dias, um hacker teria capturado dados das conversas entre Moro e Dallagnol e entre esse e seus pares que remontam a 2015, passado tudo ao “The Intercept Brasil”, e o site, no período, teria tido tempo de sistematizar ao menos parte das milhares de informações para, então, publicar a primeira reportagem?(…)
Não sei obviamente quem passou os dados ao “The Intercept Brasil”. Também o site diz ignorar a fonte. Já apareceu até um tal “Pavão Misterioso” forjando provas de uma grande conspiração que, ora vejam!, passaria até pela Rússia. (…) As coisas têm lá a sua graça involuntária. Ao mesmo tempo em que os fanáticos de Moro e Bolsonaro vibraram com a prisão desses supostos hackers na esperança de que tenham sido eles a capturar as mensagens reveladas pela Vaza Jato, há a tese de que as conversas incômodas, algumas caracterizando flagrantes ilegalidades, nunca aconteceram. Bem, se é assim, então os hackers teriam hackeado o quê?
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