Reitoria da UERJ avisa: universidade pode fechar

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Publicado em Brasil 247 – 

Universidade Estadual do Rio de Janeiro, uma das maiores do País, diz que é necessário fazer o pagamento dos servidores de novembro, dezembro e do décimo terceiro dos funcionários, além do repasse de bolsas e auxílios; a instituição também pede a liberação de recursos para que possa funcionar; em uma carta ao governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, divulgada nesta terça-feira 10, o reitor Ruy Garcia Marques, com apoio de antecessores, acusa o governo do Estado de “desprezar o ensino superior” e “de forçar o fechamento” da universidade; segundo ele, se as medidas citadas não forem implementadas, “as atividades ficarão impossibilitadas nas diversas unidades”; leia a carta

A reitoria da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) informou nesta terça-feira 10 que a grave crise financeira no Estado pode resultar no fechamento da instituição.

Em uma carta ao governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, o reitor Ruy Garcia Marques, com apoio de antecessores, acusa o governo do Estado de “desprezar o ensino superior” e “de forçar o fechamento” da universidade. Ele diz ser necessário efetuar o pagamento dos servidores de novembro, dezembro e o décimo terceiro dos funcionários, além do repasse de bolsas e auxílios.

A entidade também pede a liberação de recursos para que a instituição possa funcionar e afirma que, se as medidas citadas não forem implementadas, “as atividades ficarão impossibilitadas nas diversas unidades”, incluindo o Hospital Pedro Ernesto e a policlínica Piquet Carneiro.

Em nota, a Secretaria Estadual da Fazenda disse que os funcionários estatutários da Uerj vêm recebendo os salários junto com os demais servidores, dentro do calendário de pagamento. Neste caso, o pagamento de novembro 2016 está sendo parcelado em cinco vezes. Foram pagas as duas primeiras parcelas nos dias 5 e 6 e serão pagas as demais nos dias 11, 13 e 17.

A pasta afirmou que os repasses seguem sendo feitos à Uerj, mesmo diante da grave crise financeira que o Estado atravessa, mas que, desde o início da crise, a prioridade tem sido o pagamento dos salários dos servidores do Estado.

O supercomputador da Uerj, um investimento de cerca de R$ 5 milhões, está desligado, porque uma peça quebrou.

no break (estabilizador de energia) da máquina precisa ser reposto. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) aprovou os R$ 450 mil para repor, mas não foram liberados pelo governo do Rio. De acordo com a Uerj, dos R$ 128 milhões de projetos aprovados pela Faperj desde 2014, o estado repassou para a universidade R$ 60 milhões. Em 2016, o setor de pesquisas científicas e tecnológicas não recebeu dinheiro algum.

A Faperj disse estar priorizando o pagamento de 5 mil bolsistas e reconheceu que cerca de 3,5 mil projetos continuam aguardando o aumento da arrecadação para voltar a receber financiamento da Faperj.

Em 2016, o governo federal não fez os repasses previstos para a UFRJ no estudo dos vírus da dengue, zika e chikungunya. Segundo relato do G1, o Instituto de Biologia da UFRJ, o diretor afirmou que a União liberou apenas 30% da verba prevista para pesquisas importantes. “Aquilo que não foi executado em 2016 impacta em 2017. Vamos precisar de três a seis meses para recompor essa estrutura”, destacou Rodrigo Brindeiro.

Para a Academia Brasileira de Ciências, a crise ameaça uma geração de jovens mestres e doutores.

Leia a íntegra da carta:

A Uerj e o Futuro do Rio de Janeiro

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), ao longo das suas mais de seis décadas de existência, cresceu e firmou-se como uma das principais universidades do País. Atualmente, é a 11ª colocada em qualidade entre as 195 universidades brasileiras, segundo o ranking da Times Higher Education de 2016, e a 20ª entre todas as universidades da América Latina.

Quando se considera o item “inserção de seus alunos no mercado de trabalho”, a Uerj ocupa o 8º lugar e, no item “produção científica”, ela é a 9ª, segundo o ranking das universidades brasileiras da Folha de São Paulo.

São cerca de 35 mil alunos em seus cursos de graduação, nas modalidades presencial e de ensino a distância, mais de 4 mil em cursos de mestrado e doutorado, cerca de 2 mil em cursos de especialização e 1,1 mil nos ensinos fundamental e médio (Instituto de Aplicação – CAp-Uerj). Além do Campus Maracanã, dispõe-se em 13 unidades externas, constituindo seis campi regionais espalhados pelo Estado do Rio de Janeiro, colaborando com seu desenvolvimento regional.

São também da Uerj unidades de saúde, como o Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), a Policlínica Piquet Carneiro (PPC) e a Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI), esta última um importante projeto de extensão, com várias premiações internacionais.

O HUPE é um dos maiores e melhores hospitais do Rio, com mais de 500 leitos, 10.000 internações/ano e mais de 180.000 consultas ambulatoriais especializadas/ano. A PPC é responsável por mais de 200.000 consultas/ano e cerca de 8.000 cirurgias ambulatoriais/ano.

Fica clara, portanto, a importância da Uerj no cenário educacional de nosso Estado, bem como seu impacto positivo para a nossa economia, preparando recursos humanos muito qualificados para as áreas da indústria, da tecnologia, do comércio, da educação, da saúde e da pesquisa avançada. Um sem-número de nossos alunos tornam-se inovadores e empreendedores, gerando empregos e riquezas para o Rio de Janeiro.

Todos sabemos que a criação de novas indústrias no Rio de Janeiro é um ambicioso projeto de nossos governantes. Como elas poderão se instalar e continuar a oferecer empregos, sem a geração da mão de obra necessária? Como produzirão renda, sem a capacidade instalada laboratorial necessária para gerar inovação? Como produziremos riqueza, sem o conhecimento?

Não há progresso sem educação! São senhores do tempo aqueles que elegem a educação como prioridade, ninguém mais duvida disso.

Foram tempos difíceis aqueles em que a educação não era considerada um direito. Árduos tempos em que se tenta a efetivação do direito à educação em todos os níveis.

Há anos, um enorme esforço tem sido exigido por nossa sociedade nesse sentido. O esforço de um batalhão de operários da educação, em todos os níveis, tem sido recompensado por instituições educacionais mais pujantes para abraçar os ideais de uma sociedade justa e fraterna.

Entretanto, a Uerj está sendo sucateada, numa absoluta falta de visão estratégica por parte dos governantes do nosso Estado, a quem incumbe o financiamento de uma universidade pública e inclusiva como a nossa.

Desprezar o ensino superior, a pós-graduação e a pesquisa é apostar na miséria, na violência e num futuro sem perspectivas positivas.

Forçar o fechamento da Uerj é não pensar no futuro de nosso estado e de nosso país.

A Uerj e o Estado são perenes, os governantes não.

Ruy Garcia Marques – Reitor

Maria Georgina Muniz Washington – Vice-reitora

Com o apoio de ex-reitores da Uerj: Ivo Barbieri, Hésio Cordeiro, Antonio Celso Alves

Pereira, Nilcea Freire, Nival Nunes de Almeida, Ricardo Vieiralves de Castro

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