Sob o governo Bolsonaro, R$ 2,2 bilhões em medicamentos e vacinas foram parar no lixo por falta de articulação entre os processos de compras e logística e as necessidades da população
Compartilhado de RBA
Reprodução/Jornal da GloboDurante a visita, comissão descobriru outros 75 milhões de itens que vão vencer nos próximos três meses
São Paulo – Mais de R$ 2 bilhões em insumos comprados pelo Ministério da Saúde – como medicamentos e vacinas – foram parar no lixo e acabaram incinerados nos últimos quatro anos porque não foram usados dentro do prazo de validade. A denúncia foi feita na edição da noite de ontem (17) do Jornal da Globo. A reportagem teve acesso ao relatório de um levantamento da situação realizado pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, da Câmara dos Deputados.
Segundo o telejornal, o grupo de parlamentares vistoriou o almoxarifado central do Ministério da Saúde, que fica em Guarulhos, na Grande São Paulo. O local é responsável pela armazenagem e distribuição de grande parte dos recursos de saúde do SUS. Durante a visita, na última sexta-feira (14), os integrantes da comissão descobriram outros 75 milhões de itens que vão vencer nos próximos três meses.
O relatório conclui que é evidente a falta de organização e articulação entre os processos de compras e logística e as necessidades da população.
“Com esse recurso que foi perdido, que foi desperdiçado, seria possível reformar todas as unidades federais do Inca (Instituto Nacional do Câncer). Mas, infelizmente, por falta de gestão, ele foi queimado. Para que a gente não tenha cenas como essa se repetindo, é muito importante que o Ministério da Saúde reestruture o seu projeto de logística, reestruture como distribui medicamentos e vacinas no Brasil, para que os erros do passado não sejam repetidos no futuro”, disse o deputado Daniel Soranz (PSD-RJ), integrante da comissão.
Por sua vez, o Ministério da Saúde afirmou que “o desperdício é inadmissível e demonstra o descaso da gestão no governo Bolsonaro”. A pasta disse ainda que trabalha soluções em conjunto com estados e municípios para evitar novos desperdícios.
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Acúmulo de erros na Saúde
Já em 2021, em meio à pandemia de covid-19, reportagem da Folha de S.Paulo mostrava que o Ministério da Saúde de Bolsonaro, tinhado deixado vencer a validade de um estoque de testes de diagnóstico, imunizantes, remédios e outros itens avaliados à época em mais de R$ 240 milhões. No total, eram 3,7 milhões de itens que estavam inutilizados para a saúde dos brasileiros, que estavam no mesmo almoxarifado central, em Guarulhos.
Entre os produtos vencidos também estavam itens destinados a pacientes do SUS com doenças como hepatite C, câncer, Parkinson, Alzheimer, tuberculose, doenças raras, esquizofrenia, artrite reumatoide, transplantados e problemas renais. Também foi perdido um lote inteiro de frascos para aplicação de 12 milhões de vacinas para gripe, BCG, hepatite B e outras doenças, avaliado em R$ 50 milhões.