Relógio do Clima no Cristo Redentor alerta para urgência no enfrentamento da crise climática

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No Dia da Emergência Climática, relógio marca, pela primeira vez, menos de seis anos a humanidade reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa

Compartilhado de Projeto Colabora




Na foto: Relógio do Clima projetado no Cristo Redentor: menos de seis anos para redução drástica das emissões de gases de efeito estufa (Foto: Tatiele Azeredo / Instituto Talanoa)

Criado em 2020 por um grupo de cientistas e ambientalistas para alertar sobre a urgência na redução das emissões de gases de efeito estufa para enfrentar a crise climática, o Relógio do Clima chegou ao Brasil neste sábado – 22 de julho, Dia da Emergência Climática – com a projeção no Cristo Redentor do tempo que resta a humanidade para manter o aumento médio da temperatura terrestre em níveis minimamente seguros para sua sobrevivência e do planeta.

A projeção no Cristo Redentor – simultaneamente com outros eventos nos cinco continentes – teve uma alarmante novidade: foi a primeira vez que o Relógio do Clima marcará menos de seis anos. Neste sábado, ele passará de 6 anos redondos para 5 anos 364 dias 23h59m59s. Quando foi lançado em 19 de setembro de 2020, no arranha-céu da Union Square, em Nova York, o relógio marcava 7 anos 120 dias. “Devemos tomar medidas para reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa para zero o mais rápido possível. O tempo está literalmente encurtando por conta das emissões crescentes, enquanto os impactos climáticos estão cada vez mais fortes”, afirmou Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, organizador do evento no Brasil.

Além do relógio digital de 24 metros na Union Square, o Climate Clock também tem versões em grande escala instaladas em em Londres, Roma, Seul, Tóquio e Pequim, além relógios portáteis para ações de mobilização que que estão nas mãos de líderes ambientalistas em todo o mundo. O prazo mostrado no Relógio do Clima aponta quanto tempo a humanidade tem até que o chamado “orçamento de carbono” se esgote, considerando a quantidade de carbono que continua a ser emitida globalmente. O relógio continuará a regredir até chegar a zero, momento em que todo o orçamento de carbono estará esgotado e a probabilidade de impactos climáticos globais devastadores será muito alta.

Se as taxas de emissões globais continuarem a aumentar, o orçamento de carbono do planeta se esgotará ainda mais rápido. Por outro lado, se a taxa de emissões globais de carbono começar a cair, o tempo no relógio teoricamente iria aumentar. “Contar menos de 6 anos para cortarmos as emissões de carbono pela metade dá a dimensão da urgência com que temos que agir. É a nossa geração, de todos os que estão vivos, que tem que resolver esse problema, aqui e agora. Não há tempo a perder com promessas vagas e falsas soluções”, ressaltou Natalie Unterstell, especialista em políticas públicas e mudança do clima.

No alto do Corcovado, o Relógio do Clima foi projetado nos braços da estátua do Cristo Redentor das 17h às 20h. Um exemplar do relógio climático físico projetou soluções para o combate à emergência climática que podem ser aplicadas no Brasil: transporte público eletrificado, economia circular, logística reversa, saneamento básico para todos e desmatamento zero em todos os biomas. Antes da projeção, um grupo de 24 voluntários executou a performance De Corpo Presente, da artista Ana Teixeira – com seus corpos, eles montaram frases alusivas à emergência climática. Ativistas climáticos estavam no Corcovado para conversar com o público e distribuir material informativo. Um relógio climático portátil também esteve disponível para que as pessoas tirassem fotos e postassem em suas redes sociais.

Natalie Unterstell com seu relógio do clima portátil no Rio: '"O tempo que temos para responder à crise climática está se encurtando' (Foto: Arquivo Pessoal)
Natalie Unterstell com seu relógio do clima portátil no Rio: ‘”O tempo que temos para responder à crise climática está se encurtando’ (Foto: Arquivo Pessoal)

Para Natalie Unterstell, a vinda do relógio do clima para o Brasil serve também como alerta para a importância de o país avançar no corte das emissões e exortar outras nações a fazer o mesmo, já que sediará as negociações climáticas daqui a dois anos, em Belém, na COP30. “O tempo que temos para responder à crise climática está se encurtando, porque as emissões não param de crescer, aqui e globalmente”, enfatizou a presidente do Tallanoa, organização dedicada a políticas públicas relativas ao clima.

Os sucessivos recordes de temperatura quebrados no verão do Hemisfério Norte e os dois ciclones que atingiram o Rio Grande do Sul em menos de 30 dias mostram a atual instabilidade climática do planeta e apontam que a crise do clima ainda pode piorar. “Precisamos ser decisivos quanto a eliminar o desmatamento, trocar petróleo e gás por energias renováveis e eletrificar o transporte, antes que o limite seguro de 1.5 graus Celsius de aquecimento global seja ultrapassado. É preciso agir já”, acrescentou Natalie.

O Dia da Emergência Climática 2023 foi marcado por eventos por todo o planeta. Estão previstos para este sábado mais de 40 manifestações, entre marchas, vigílias e tuitaços, realizados por organizações locais em cidades de mais de 30 países, de Nova York e Washington, nos EUA, a Alexandria, no Egito, e Dar es Salaam, na Tanzânia; de Helsinki, Finlândia, e Estocolmo, Suécia, a Goa, Índia, e Nairóbi, no Quênia.

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